Kevin Spacey disse que estava "feliz por estar novamente a trabalhar" ao receber na terça-feira um prémio pela carreira de uma instituição de caridade, durante o Festival de Cannes.

A presença de Spacey num jantar de gala organizado pela Better World Fund marca mais um passo na reabilitação da antiga estrela de Hollywood, que ganhou dois Óscares, alvo de acusações de agressão sexual.

"Sinto-me rodeado de muito carinho e amor. Fui contactado por muitos dos meus amigos, colegas e antigos colegas na última semana, desde que este prémio foi anunciado", disse aos jornalistas no evento. "É muito bom estar de volta."

Questionado se era o início de um regresso, respondeu: "Estou feliz por estar a trabalhar, isso garanto."

O convite à margem de Cannes — onde Spacey não é visto na passadeira vermelha desde 2016 — acontece num momento em que o principal festival tem vindo a aplicar uma política de tolerância zero à má conduta sexual, sob pressão de legisladores e ativistas do #MeToo.

O ator Theo Navarro-Mussy — que nega as acusações de violação feitas por três mulheres — foi impedido na semana passada de participar na estreia de um filme francês que concorre à Palma de Ouro.

Um porta-voz do festival recusou-se a comentar a presença de Spacey em Cannes quando contactado pela France-Presse (AFP).

O ator foi absolvido de nove casos de alegados crimes sexuais na Grã-Bretanha em 2023 e um tribunal de Nova Iorque rejeitou uma ação civil de 40 milhões de dólares por agressão sexual contra o ator de "Os Suspeitos do Costume" em 2022.

Mas em maio passado, novas alegações de agressão sexual surgiram num documentário da televisão britânica, "Spacey Unmasked".

Nele, 10 homens não envolvidos no processo judicial britânico contra Spacey acusaram-no de comportamento inapropriado.

O ator de 65 anos sempre negou qualquer irregularidade.

Em fevereiro, os advogados do ex-ator Ruari Cannon disseram à AFP que ia apresentar um caso em tribunal contra Spacey e o Old Vic Theatre de Londres, onde Spacey foi diretor artístico entre 2003 e 2015.

No documentário, Cannon acusou Spacey de tê-lo tocado de forma inapropriada em Londres quando ele tinha 21 anos e a estrela norte-americana tinha 53.