“O Homem-Pykante – Diálogos com Pimenta”, de Edgar Pêra, que se estreia no sábado no IndieLisboa, é um filme “poético sobre um poeta” que inclui imagens de arquivo e conversas do realizador com Alberto Pimenta, de 1994 até hoje.

“É toda uma obra e uma pessoa que vale a pena redescobrir ou descobrir, para quem não conhece. Um filme poético sobre um poeta”, afirmou Edgar Pêra, em declarações à Lusa a propósito da estreia do filme documental “O Homem-Pykante – Diálogos com Pimenta” sobre o escritor, ensaísta, ‘performer’ e professor universitário Alberto Pimenta.

O realizador recordou que começou a seguir a obra de Alberto Pimenta em 1977, ano em que o autor se popularizou com a ‘performance’ “Homo Sapiens”, dentro de uma jaula do Jardim Zoológico de Lisboa, e com a primeira edição de “Discurso sobre o Filho-da-Puta”.

Em 1994, “por um acaso”, conheceram-se no Porto, nas “Conferências do Inferno”, e mantiveram-se em contacto desde então.

“Como tenho essa prática de registar muito do meu próprio quotidiano, filmei muitas coisas com o Alberto e comecei [em 2008] a fazer conversas com ele filmadas. Andava a prometer a mim mesmo fazer alguma coisa e quando o Alberto fez 80 anos [em dezembro] resolvi dar-lhe esta prenda de aniversário”, partilhou.

Em 2002, o realizador e o escritor fizeram o primeiro trabalho em conjunto, “um vídeo para uma instalação, chamado ‘Fiquem com a Cultura que eu fico com o Brasil’”, e depois disso, Edgar Pêra fez “pequenos filmes de adaptações de poemas” de Alberto Pimenta.

No ‘Pimenta’, fascinam-lhe “muitíssimas coisas, não só a sua obra poética, que é radical, ele é uma espécie de um movimento numa só pessoa”.

“Está sempre disposto a pôr em causa a própria linguagem e a própria poesia. Como ele próprio diz, os poemas dele fazem de nós poetas. De alguma forma identifico-me com essa vontade de estar sempre a procurar novas fronteiras, no próprio cinema faz eco dessa preocupação”, referiu.

Além disso, “há todo o lado teórico de professor, que ele sempre foi, e que queria partilhar com as pessoas, fazendo com que houvesse essa interpretação do que é que é realmente a vontade de criar poesia ou arte”.

O realizador destaca ainda “o lado performático que o Alberto Pimenta tem”. “Através dos seus ‘happenings’, ‘performances’ e leituras encenadas, é alguém que se remete para algo primordial, para a oralidade, para o teatro no sentido mais puro do termo, da expressão de uma voz”.

Edgar Pêra lamenta a “pouca tendência a celebrar os vivos”. “Muitas vezes, com muitos dos nossos escritores é preciso que eles deixem de existir para existirem na realidade. Isso não me interessava nada, eu tinha que fazer alguma coisa com estes arquivos e acho que foi a altura certa, tanto para mim como para o Alberto”, disse.

O retratado “mostrou a sua sintonia completa” com a “prenda de aniversário”.

“Para mim o objetivo está cumprido, não me interessava de forma alguma fazer um filme que não fosse para aquele espectador”, partilhou.

“O Homem-Pykante – Diálogos com Pimenta” teve o apoio da RTP e, por isso, está garantida a exibição na estação pública.

Além disso, o realizador queria “fazer primeiro o circuito de algumas cidades”. “Há uma distribuidora interessada, mas ainda não sabemos qual será o destino em termos de circulação nas salas convencionais. Ainda é uma incógnita”, referiu.

O filme estreia-se no sábado às 19:00 no Grande Auditório da Culturgest, uma das salas onde até domingo decorre a 15.ª edição do Festival Internacional de Cinema de Lisboa – IndieLisboa.

Acima de tudo, Edgar Pêra quer "que o filme seja falado e a obra do Alberto Pimenta seja falada, não só para que o filme se estreie em sala, mas para que os seus livros sejam editados e haja interesse redobrado na obra do Alberto Pimenta”.

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