Um geólogo português e um fotógrafo venezuelano juntaram-se para realizar um documentário que pretende levar os espetadores por “uma viagem no tempo” pela “história geológica do território” do concelho de Odemira, no distrito de Beja.

O resultado final é “Odemira – Paisagens em 375 Milhões de Anos”, filme do geólogo Carlos Neto de Carvalho e do fotógrafo Jesus Salazar, que é apresentado no sábado, pelas 15:00, no cineteatro Camacho Costa, naquela localidade do litoral alentejano.

O documentário “é uma viagem no tempo através do espaço, da imensa diversidade de paisagens do concelho de Odemira”, seja “das famosas praias aos detalhes geológicos que fazem do litoral desta região toda uma biblioteca sobre a história da Terra”, explicou à agência Lusa o geólogo Carlos Neto de Carvalho.

Segundo o autor, o projeto nasceu do estudo de salvaguarda e valorização do Património Geológico das Dunas Fósseis do Sudoeste Alentejano, desenvolvido pelo Centro Português de Geo-História e Pré-História em parceria com a Câmara de Odemira.

O documentário acaba por incidir na “evolução geológica” do litoral do concelho, “revelando a história das pegadas fósseis da praia do Malhão, a formação das falésias e do vale do rio Mira”.

“Este documentário resulta da feliz convergência de interesses entre o fotógrafo venezuelano Jesus Salazar Cabrera e o meu entusiasmo em dar a conhecer detalhes e diferentes dimensões do património natural singular existente no concelho”, disse Carlos Neto de Carvalho.

Um património, acrescentou, que “é conhecido de muitos em alguns aspetos”, mas que “permanece ainda muito por descobrir do que é a sua essência”.

De acordo com o geólogo, este trabalho foi gravado em dois períodos distintos, em janeiro e em junho, sobretudo ao nascer e ao pôr-do-sol, para “obter a melhor luz do dia”.

O documentário acaba por fazer “uma abordagem inédita à interpretação do património geológico de Odemira”, tendo contado para tal com o apoio do grupo de teatro “Cabanita”, de São Teotónio, freguesia do município de Odemira.

“Eles encenaram nas condições por vezes difíceis do espaço natural e desenvolveram performances verdadeiramente deslumbrantes, dando uma fluidez orgânica à dinâmica da Terra, tantas vezes contada em milhares ou milhões de anos”, disse Carlos Neto de Carvalho.

Concluído este documentário, o geólogo admitiu que foram grandes as descobertas, desde “fósseis de pequenas conchas espiraladas de organismos marinhos” encontradas perto da aldeia de Nave Redonda, no interior, ao “meandro perfeito do rio Mira ou as dunas de Almograve", no litoral, "que, ao pôr-do-sol, parecem atingir o ponto de fusão devido à grande quantidade de óxidos de ferro”.

“Mas o que mais me surpreendeu foi o espírito colaborativo, abnegado e alegre das pessoas que vivem em Odemira”, acrescentou à Lusa.

Após a apresentação do documentário, no sábado, haverá uma conversa sobre “o futuro do património geológico do concelho de Odemira”.

Para Carlos Neto de Carvalho, esse futuro deve passar “pelo seu reconhecimento enquanto precioso património que pode contribuir para a valorização territorial e para um desenvolvimento que deve ser cada vez mais sustentável”.

“A interpretação deste património geológico é fundamental para que os locais o conheçam e o entendam como elementos da paisagem a valorizar”, concluiu.

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