THE BEACH BUM

Harmony Korine retorna depois de pôr metralhadoras nas mãos de estrelas Disney e causar furor crítico (amor e ódio) com “Spring Breakers” – novamente reunindo um elenco estelar, mas desta vez masculino.

O oscarizado Matthew McConaughey vive Moondog, um tipo que não sabe fazer outra coisa senão viver “ao segundo”, ou seja, simplesmente apostando sem limitações em tudo o que lhe der prazer. Corre bem – mas também muito mal. Jonah Hill, Zac Efron, Martin Lawrence, Snoop Dogg e Isla Fisher fazem parte da obra escolhida para abrir os trabalhos do IndieLisboa.

RESENT.PERFECT

Um dos primeiros trabalhos da Competição da nova edição reflete uma das preocupações do festival em pensar sobre as inovações tecnológicas a nível de produção e difusão do meio audiovisual. No caso em questão, o filme da realizadora chinesa Zhu Shengze, vencedora do prémio principal da última edição do Festival de Rotterdão, inspirou-se no fenómeno do “streaming” na China, que atinge mais de 400 milhões de utilizadores.

Aparentado ao YouTube ocidental, o fenómeno é impressionante no país de Zhu Shengze, que editou mais de 800 horas de “streaming” para mostrar aquilo que é, certamente, transversal ao mundo globalizado.

O filme discorre sobre a extrema interligação entre o “online” e o “offline” nos tempos atuais (numa entrevista, a cineasta disse que os “'smartphones' são uma extensão dos nossos sentidos”) e aborda uma relação curiosa descrita na própria análise do Festival de Roterdão: operado muitas vezes por pessoas solitárias, eles logram obter com “o mundo” uma espécie de comunicação. Um exemplo é particularmente ilustrativo: um desajeitado jovem dançarino faz a sua “arte” num parque onde nenhum transeunte lhe concede qualquer atenção – ao contrário do vídeo que estará depois disponível “online”...

“Present.Perfect” acaba por refletir também toda uma nova forma de interação entre consumidores de histórias e os seus produtores: aqui a captura da atenção da audiência não vem de elaboradas maquinações de argumentistas e realizadores, mas de adolescentes e adultos que atraem visualizações com pequenos enredos do quotidiano – como a adolescente que conta como o pai comprou uma quinta para criação de porcos e cria “suspense” para mostrar a terrível casa de banho do lugar ou do menino que mente descaradamente ao dizer que tinha sido castrado.

FABIANA

Esse registo documental acompanha pelo Brasil adentro, literalmente, a camionista "trans" Fabiana. Depois de 30 anos na estrada, Fabiana Camila Ferreira prepara-se para a reforma, o que não promete ser uma tarefa fácil.

A realizadora Brunna Laboissière, que descobriu a sua protagonista quando viajava à boleia pelo Brasil, propõe algo diferenciado do discurso LGBT sob a ótica da vítima, registando antes a figura de uma mulher que vive animadamente como quer sem importar-se com o que os outros pensam.

A narrativa fluída garante a viagem até à entrada em cena de uma segunda personagem, que vai colocar em causa a figura construída pela própria Fabiana ao longo de longas viagens de convivência com a realizadora.

Se o Brasil é o Herói Independente de um IndieLisboa que sugere uma resistência a um país que atravessa uma das fases mais negras da sua história política, “Fabiana” é uma contribuição que não esconde a discriminação inerente ao que os homossexuais enfrentam em todas as sociedades, mas também sugere um povo com dinamismo suficiente para assimilar a diferença.

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