A 30.ª edição do Curtas Vila do Conde terá um cine-concerto a partir de imagens do “verão quente” de 1975, no Porto, e uma nova criação de Raül Refree entre as propostas da secção Stereo, hoje anunciada.
Na secção do festival internacional dedicada a propostas que aliam a música ao cinema, a organização apresenta vários cine-concertos e ainda a já habitual competição de videoclipes, além de sessões fílmicas ao ar livre.
No dia 13 de julho, no Teatro Municipal de Vila do Conde, é apresentado “Porto 1975 Mobilização Geral”, um trabalho em torno das filmagens de José Alves de Sousa, entre o “verão quente” de 1975 e os inícios da década de 1980.
Aproveitando o arranque das celebrações dos 50 anos desde o 25 de abril de 1974, conta com imagens que “apresentam as mobilizações populares em várias datas importantes para a consolidação do regime democrático atual, entre o 11 de março e o 25 de novembro de 1975”.
Do primeiro aniversário do 25 de Abril a outros momentos marcantes do chamado Processo Revolucionário em Curso (PREC), as imagens de Alves de Sousa encontram-se nesta performance com a música de Rodrigo Amado (saxofone), Hernâni Faustino (contrabaixo), Carla Santana (eletrónica) e João Valinho (bateria).
Além dos músicos, Rodrigo Brandão apresenta ‘spoken word’, que, segundo comunicado do Curtas, “serve de comentário, reforço ou contraponto às imagens” para acentuar “o lado revolucionário ou militante que parece perdido aos dias de hoje”.
No dia seguinte, 14 de julho, Mané Fernandes, José Marrucho e DJ Lynce sobem ao palco do Auditório Municipal vilacondense para interpretar um filme-concerto que é uma versão adaptada de “I Don’t Know Karate But I Know Ka-razor!”, de Filipe Marques.
O título do trabalho remete para um verso de uma música de James Brown, o ‘Padrinho da Soul’, criada para a banda sonora de “Hell Up In Harlem”, filme ‘blaxploitation’ de 1973 do realizador Larry Cohen.
A criação de Filipe Marques é feita “em torno da problematização da impotência da condição humana”.
A primeira criação a ser apresentada, a 12 de julho, em estreia nacional, é “La peste - Una desconstrucción musical y visual de Nosferatu”, que reinterpreta “Nosferatu”, obra seminal de F. W. Murnau datada de 1922, cumprindo-se este ano o centenário da estreia.
A obra germânica do cinema mudo é aqui reinterpretada com imagens de Pedro Maia e música de Raül Refree, a partir da célebre história de horror, com recurso ao órgão barroco, ao piano e à percussão eletrónica.
O guitarrista Steve Gunn traz a Vila do Conde, no dia 16 de julho, “um espetáculo imersivo” em que acompanha os quatro filmes em formato 16 mm do ciclo “Visions in Meditation”, do cineasta Stan Brakhage (1933-2003), um dos nomes mais influentes do cinema experimental norte-americano.
Na competição de videoclipes, nota para produções de canções de grupos nacionais como Best Youth, Conjunto Corona, Chão Maior, Sereias, Moullinex e Rodrigo Leão, entre outros.
A Solar - Galeria de Arte Cinemática recebe a exibição, ao ar livre, de cópias restauradas de vários filmes ligados ao mundo da música.
A 30.ª edição do festival decorre em Vila do Conde, de 9 a 17 de julho, e ainda não é conhecida a programação completa, tendo sido já anunciada uma retrospetiva da realizadora espanhola Carla Simón.
Na secção "InFocus", o festival apresentará uma retrospetiva integral dos filmes da cineasta, entre os quais "Women" (2009), "Las pequeñas cosas" (2014) e, em antestreia nacional, "Alcarràs", que este ano venceu o Urso de Ouro do festival de cinema de Berlim.
Na secção "New Voices" do Curtas Vila do Conde estará em destaque outro realizador espanhol, Chema García Ibarra, com a exibição de todas as curtas-metragens, que somam cerca de 200 prémios em vários festivais, e a primeira longa-metragem, "Espiritu sagrado", de 2021.
Da programação deste ano, o festival Curtas de Vila do Conde tinha anunciado anteriormente que dedicará atenção ao cinema de Fernando Campos, Alain Resnais e François Reichenbach, e que exibirá uma versão remasterizada do filme "Os Marginais" (1983), de Francis Ford Coppola.
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