O realizador David Pinheiro Vicente, que participa na secção “Berlinale Talents” do Festival Internacional de Cinema de Berlim, acredita que os contrastes no setor aumentaram durante a pandemia de COVID-19.

Em declarações a agência Lusa, o realizador de 24 anos admite que tem sido “muito difícil” para todos os que estão a trabalhar em projetos próprios, no contexto da pandemia, do modo como acentua as provações e o quadro existente, acrescentando que “há sempre poucos apoios”.

“A pandemia só exacerba uma situação que já lá estava. Por outro lado, quando vemos o reconhecimento de certos filmes, ou porque foram nomeados, ou porque estão a ser falados publicamente, esses filmes já existiam. [A pandemia] exacerba sempre aquilo que já existia, os contrastes aumentam”, realçou David Pinheiro Vicente.

“O cinema português é muito reconhecido artisticamente, [é] idiossincrático, de realizadores que tentam deixar as suas marcas pessoais, que desenvolvem esses estilos. Por outro lado, é sempre difícil fazer”, acrescentou.

O autor das 'curtas' “Onde o Verão Vai (episódios da juventude)”, que se estreou no Festival Internacional de Cinema de Berlim, em competição, em 2018, e “O Cordeiro de Deus”, que teve estreia em competição, no Festival de Cannes, em 2020, participa na 19.ª edição da “Berlinale Talents”.

“Fico contente só de participar, porque é uma oportunidade de ouvir outras pessoas, com mais experiência, de regressar quase a um ambiente de ‘sala de aula’, de que eu até tenho saudades, especialmente neste ano que passou que estive muito tempo sozinho e a trabalhar só por mim”, adiantou.

Onde o verão vai

O realizador admite que “é bom ser selecionado e reconhecido”, mas, por outro lado, é “estranho” tudo funcionar online, admitindo que é “uma questão de aceitar”.

David Pinheiro Vicente vai este mês começar uma residência de escrita de argumento da Cinéfondation, uma fundação do Festival de Cannes, em Paris, para desenvolver a primeira longa-metragem.

No “Berlinale Talents”, um programa de formação, conversas e encontros, participam 205 profissionais de 65 países. Além de David Pinheiro Vicente, estão também presentes na secção o realizador Paulo Carneiro e a 'designer' de som Inês Adriana.

A eles juntam-se a realizadora canadiana Joelle Walinga e a produtora brasileira Janaina Bernardes, que trabalham com Portugal.

A 71.ª edição do festival de Berlim decorrerá em dois momentos, numa tentativa de adaptação à situação global da COVID-19: entre 1 e 5 de março acontecerá um evento da indústria, em formato online, para profissionais do setor, júris e imprensa especializada, e entre 9 e 20 de junho, a programação será para o público.

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