Numa nova entrevista à edição alemã da revista Playboy, Ennio Morricone arrasa Quentin Tarantino.

A festejar 90 anos a 10 de novembro, o lendário compositor italiano tem uma colaboração regular com o realizador norte-americano e até foi com a banda sonora do seu filme "Os Oito Odiados" (2015) que ganhou o seu único Óscar competitivo (recebeu outro pela carreira em 2007).

Está ainda previsto que faça a banda sonora do próximo projeto de Tarantino, "Once Upon a Time... in Hollywood", com Leonardo DiCaprio e Brad Pitt.

Apesar disso, parece ser uma relação conflituosa e é demolidora a opinião de Morricone sobre o próprio estatuto do realizador de culto de "Cães Danados", "Pulp Fiction" ou Sacanas Sem Lei".

"O homem é um cretino. Ele apenas rouba de outros e junta tudo. Não há nada de original nisso. E ele também não é um cineasta. Não comparável com os verdadeiramente grandes de Hollywood como John Huston, Alfred Hitchcock ou Billy Wilder. Eles eram grandes. Tarantino está só a cozinhar coisas antigas", defendeu o compositor com uma carreira de mais de 50 anos e 300 filmes.

Morricone diz mesmo que não gosta dos seus filmes, chamando-lhes de lixo.

O rancor pode ter uma explicação: os métodos de trabalho de Tarantino.

"Ele é um caos absoluto. Fala sem pensar, faz tudo no último momento, não tem conceitos", explica.

"Ele aparece do nada e depois quer uma banda sonora terminada em dias. O que é impossível. O que me deixa louco!", reforçando que já o avisou "da última vez" e será inflexível para a próxima.

Na entrevista, Morricone também rejeita completamente a ideia de que ficou muito emocionado com o segundo Óscar.

"Um disparate, apenas tinha dores por estar sentado há tanto tempo. Tive grandes problemas de costas, tanto no avião como na cerimónia. Portanto, quanto muito tinha uma expressão de satisfação porque sabia: 'posso abandonar esta cerimónia aborrecida a seguir'", garante.

Acrescentou ainda que não tem qualquer intenção de viajar para esta "América desagradável, com as suas pomposidades e esses embaraços como os Óscares e toda a frivolidade".