O atual diretor da Cinemateca Portuguesa, José Manuel Costa, e o subdiretor, Rui Machado, foram reconduzidos nos cargos por mais cinco anos, foi hoje anunciado.
Segundo publicação em Diário da República, o Ministério da Cultura decidiu renovar a comissão de serviço de ambos, que assumiram a direção da Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema em 2014.
José Manuel Costa está ligado à Cinemateca Portuguesa desde 1976 e, antes de ter assumido a direção, foi subdiretor entre 1995-1997 e 2010-2014. Foi ainda responsável pelo projeto e instalação do Arquivo Nacional das Imagens em Movimento (ANIM).
Rui Machado entrou para a Cinemateca em 1990, onde começou como técnico de conservação e preservação fílmica, tendo em 2006 dirigido o ANIM, subindo em 2014 para a equipa de direção.
A decisão de recondução do Ministério da Cultura acontece numa altura em que a Cinemateca assinala 70 anos e a atual direção reclama mais meios e melhores condições no trabalho de preservação e divulgação do património cinematográfico.
Em janeiro deste ano, a ministra da Cultura admitiu no parlamento que estava empenhada em "dotar a Cinemateca Portuguesa das condições necessárias para o cumprimento da sua missão".
"Queremos definir um novo modelo de funcionamento que agilize e autonomize o laboratório, um dos únicos no mundo, através de uma política responsável que potencie o conhecimento e experiência dos seus profissionais, se possa constituir como fonte de receita própria e, finalmente, saiba estar à altura do tanto que a Cinemateca tem para oferecer à memória do país", disse.
Em entrevista recente à agência Lusa, José Manuel Costa dizia que Cinemateca Portuguesa estava "numa encruzilhada" e que tinha sido apresentada à tutela uma proposta de modelo de gestão para fundação pública de direito privado.
"Estamos a lutar pela sobrevivência, quando devíamos estar a responder a novos desafios e a uma dinâmica de conjunto que está a evoluir muito depressa. As cinematecas estão a mudar, o contexto digital mudou muita coisa, todo o panorama de trabalho é bastante diferente (...) e não estamos a poder usar o nosso próprio potencial", lamentou.
José Manuel Costa disse que, sem uma mudança estrutural, não haverá condições para cumprir duas das grandes prioridades da Cinemateca: Promover a digitalização do cinema português e ter "um projeto consistente de descentralização".
Um dos exemplos de constrangimentos administrativos várias vezes apontados pela direção da Cinemateca é a dificuldade em contratar pessoas tecnicamente muito especializadas. Isto porque a contratação está limitada ao universo de trabalhadores da administração pública.
Hoje foi publicada em Diário da República a cessação de um concurso que a Cinemateca Portuguesa tinha aberto para contratar um técnico para projeção de materiais fílmicos em suportes analógico e digital.
O concurso foi cancelado porque "nenhum dos candidatos reuniu os requisitos de admissão legalmente previstos", dentro do setor da administração pública.
"Estamos a esticar a corda até a um ponto em que, a muito curto prazo, vai rebentar (...) Isto que estamos a fazer não é sustentável com o quadro que temos. Consigo fazer à custa de uma tensão interna crescente, com serviços que estão altamente desestruturados, que estão muito carentes de pessoal", disse José Manuel Costa em setembro passado na entrevista à Lusa, quando apresentou a programação dos 70 anos da Cinemateca.
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