“O cinema acontece como um motor, uma força de reunião social e cultural”, afirmou, em entrevista à Lusa, o diretor do agora denominado Batalha Centro de Cinema, Guilherme Blanc.

A um dia de reabrir portas, o renovado equipamento cultural do Porto pretende “chegar a muitos públicos” com diferentes gostos pelo cinema.

Nos grandes ecrãs, o cinema clássico e o cinema contemporâneo vão marcar presença, mas fora das duas salas “há muita coisa que se pode fazer”, garantiu Guilherme Blanc, realçando diferentes iniciativas, através das quais “as pessoas se podem reunir, encontrar e conhecer”, sobretudo “por causa do cinema”.

“No Batalha podem-se visitar exposições, pode-se ir à biblioteca e investigar aqui, pode-se ir ao bar e tomar um copo e não vir ao cinema, o que é correto até no espetro da missão do Batalha e na sua relação com diferentes públicos”, observou.

“Para além das duas salas de projeção – a Sala 1 com 299 lugares e a Sala 2 com 126 lugares – o Batalha conta com um espaço de galeria dedicado às artes visuais, uma biblioteca especializada em cinema e uma mediateca dedicada ao património fílmico do Porto”.

O projeto de reabilitação, a cargo do arquiteto Alexandre Alves Costa e do Atelier 15 Arquitetura, contempla ainda um bar, resultante da recuperação do antigo salão de chá e café, que está equipado para exibições e performance.

Os frescos de Júlio Pomar, gravados em 1940, escondidos pela polícia política do Estado Novo e, entretanto, recuperados na empreitada de reabilitação, enriquecem aquele espaço cultural da cidade.

No renovado Batalha, que Guilherme Blanc acredita que será um “novo figurino”, tanto no contexto nacional, como internacional, não haverá espaço para estreias comerciais, mas será mostrado “cinema que teve circulação comercial, mas que não foi apresentado em Portugal”. “Isso interessa-nos muito”, garantiu o diretor.

De acordo com Guilherme Blanc, o Batalha vai tentar, através da seleção dos seus filmes, “discutir assuntos dos nossos dias” e servir de “canal privilegiado” para mostrar e disseminar o cinema português, contando para isso com o “apoio fantástico” da Cinemateca Portuguesa, em Lisboa, de onde provém “a maior parte dos filmes” que ali serão exibidos.

“Há um gosto crescente relativamente ao cinema português, há coisas a serem feitas com extrema qualidade e o reflexo disso são os prémios que estão a ganhar a nível internacional. Achamos que o Batalha devia também servir de instituição interlocutora para este tipo de linguagens de cinema”, referiu.

À Lusa, Guilherme Blanc adiantou ainda que a bilheteira, que abriu a 17 de novembro, tem permitido “perceber as tendências” do público, ainda que o cinema “seja uma área em mutação constante do consumo” e que o Batalha tenha apostado num “modelo muito particular” de divulgação dos filmes a exibir.

“Normalmente, quando as pessoas vão ao cinema, no próprio dia decidem e vão, mas nós estamos a propor que as pessoas consigam programar com mais tempo”, salientou Guilherme Blanc, destacando que a grande ambição do Batalha é tornar-se num “centro cultural para o cinema muito aberto do ponto de vista de abordagem do cinema e [das] cinematografias”.

“O cinema tem uma grande amplitude de linguagens e é isso que queremos mostrar no Batalha”, assegurou.

O Cinema Batalha reabre portas na sexta-feira com um ciclo temático dedicado à ficção científica, depois de mais de três anos de obras de reabilitação, que ascenderam aos 5,7 milhões de euros.

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