O Irão está "brincar com a vida" do cineasta dissidente Mohammad Nourizad, gravemente doente na prisão após ter sido torturado, inclusive com injeções de um produto desconhecido nos seus genitais, acusou a Amnistia Internacional (AI).
Segundo a organização de defesa dos direitos humanos, Nourizad, que escreveu e dirigiu vários filmes no seu país, cumpre desde agosto de 2019 uma pena de mais de 17 anos de prisão por insultos ao guia supremo, o aiatollah Alí Khamenéi.
A sua saúde piorou desde que foi internado na prisão de Evin, em Teerão, porque lhe negam o "acesso a uma atenção médica especializada adequada para a sua doença cardíaca e as diabetes", disse a AI, destacando que os médicos solicitaram em vão que fosse hospitalizado.
"As autoridades iranianas brincam cruelmente com a vida de" Nourizad, disse a organização.
Mohammad Nourizad com outro cineasta dissidente, Jafar Panahi, em 2010
A AI deu ainda conta sobre uma carta de Nourizad de abril passado na qual afirma que lhe injetaram uma substância desconhecida "oito vezes no [seu] pénis".
"Imediatamente, escrevi uma carta ao chefe da prisão pedindo que me enviassem urgentemente ao Instituto de Medicina Legal para que me examinassem e determinassem a substância que me injetaram oito vezes. Desde então não tive notícias", diz o cineasta na carta.
A AI declarou-se horrorizada com estas "torturas e outros tratamentos cruéis, desumanos e degradantes, incluindo violações e a aplicação forçada de substâncias químicas".
A organização afirma que, como as autoridades não o escutam, o cineasta está a recorrer à automutilação para que lhe prestem atenção.
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