“Happy Island”, inspirado nos sonhos e desejos dos bailarinos, é o espetáculo que a companhia Dançando com a Diferença leva ao festival internacional de dança “Tanz im August”, que começa hoje em Berlim.
A companhia, que surgiu em 2001 e tem sede na Madeira, tem como missão a promoção da inclusão social e cultural através da dança inclusiva.
“Vamos dançar ‘Happy Island’, uma cocriação entre a nossa companhia, com sede na Madeira, e a companhia La Ribot, que tem sede na Suíça. É um trabalho que fala dos sonhos dos bailarinos que estão em cena, que serão seis, todos eles com algum tipo de deficiência. La Ribot trabalhou muito o sonho, o desejo de cada um e, a partir daí, criou esta obra”, revela à agência Lusa Henrique Amoedo, diretor artístico da Dançando com a Diferença.
“É um trabalho que leva a Madeira para fora, através de um filme da cineasta portuguesa Raquel Freire. O filme, de 70 minutos, que mostra paisagens da ilha e bailarinos, acompanha toda a coreografia. Esses bailarinos estão em cena, mas há também cerca de 30 que fazem parte dele e, desta forma, a companhia inteira está representada neste espetáculo”, descreve.
A 31.ª edição do Festival de Dança Contemporânea de Berlim – Tanz im August é uma iniciativa da HAU – Hebbel am Ufer. O organizador já é conhecido da companhia portuguesa.
“Já dançámos num outro festival no ‘HAU’, em 2013, mas num outro festival chamado ‘No limits’, e esse outro festival era relacionado especificamente com as questões da deficiência. Era um evento segmentado e este é para o público em geral. Acho que essa é a magia, o que é uma grande honra para mim e para a companhia, ter a possibilidade de levar o nosso trabalho para todos os públicos e não somente para o público interessado na deficiência ou na inclusão”, explica Henrique Amoedo à Lusa.
Foram necessários sete meses para criar a peça “Happy Island”, um espetáculo “bem-disposto”, mas que, sobretudo, “deixa as pessoas a pensar.”
“Leva o público para diferentes universos, para momentos de uma introspeção, diferentes emoções e questões, ligadas aos próprios sonhos: pode um bailarino com deficiência ser uma superestrela sensual? Pode um bailarino com deficiência abordar as questões da sua própria sexualidade? Tudo isso está em cena”, frisa o diretor artístico da “Dançando com a Diferença”.
Além de Berlim e, até ao final do ano, a companhia tem várias atuações internacionais marcadas em países como Suíça, França ou Brasil.
“Não há como ter dificuldades acrescidas. O nosso elenco está capacitado para isso, já que faz parte do trabalho de base, da nossa companhia, formar bailarinos para que possam atuar profissionalmente. Esse é um dos objetivos do nosso trabalho”, frisa.
“À medida que levamos este espetáculo para o meio da dança contemporânea geral, estamos a cumprir parte dos nossos objetivos, que é modificar a imagem social das pessoas com deficiência. E queremos continuar a fazer isso. Ganhar outros espaços, continuar a fazer o circuito normal de dança, apresentar os nossos espetáculos, para que isso também viabilize a manutenção da nossa base na Madeira e o nosso trabalho em Viseu. A companhia de dança é que mantém o trabalho educativo e terapêutico que acontece nessas duas cidades para pessoas com deficiência”, realça Henrique Amoedo.
“Dançando com a Diferença” sobe a palco, em Berlim, nos dias 29, 30 e 31 de agosto. O festival "Tanz im August” ("Dança em Agosto"), que começa hoje, reúne mais de 160 artistas, provenientes de 15 países. Ao longo do mês serão apresentadas 31 produções de dança contemporânea, entre as quais sete estreias mundiais.
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