Considerada culpada de cometer uma "ofensa administrativa", Ovsiannikova terá de pagar uma multa de 30.000 rublos (cerca de 250 euros ou 275 dólares em taxas de câmbio atuais), disse um jornalista da AFP presente na audiência.

A mulher foi libertada, mas ainda enfrenta acusações criminais que podem levar a pesadas penas de prisão.

Ovsiannikova foi julgada esta terça-feira por ter se manifestado ilegalmente, de acordo com um tribunal de Moscovo.

A acusada, que se declarou inocente, poderia ter sido condenada a 10 dias de detenção.

No julgamento, Ovsiannikova declarou-se inocente.

"Não reconheço a minha culpa", disse Ovsiannikova no tribunal, segundo um jornalista da AFP. "Continuo convencida de que a Rússia está a cometer um crime... e que é a invasora da Ucrânia", acrescentou.

Até ao momento, não foi acusada pelo crime de publicação de "informações falsas" sobre o exército russo, que pode levar a 15 anos de prisão.

Antes, o advogado, Daniil Berman chegou a considerar que a sua cliente corria o risco de ser condenada no âmbito dessa nova lei.

"Há uma grande probabilidade de que as autoridades decidam dar o exemplo para que outros críticos se calem", afirmou o advogado.

Ovsiannikova, na casa dos 40 anos e mãe de dois filhos, natural de Odessa, na Ucrânia, trabalha na emissora Pervy Kanal, muito próxima do poder russo.

Na noite de segunda-feira, interrompeu o telejornal e ficou atrás da apresentadora com um cartaz que dizia: "Não à guerra, não acredite na propaganda. Aqui eles estão a mentir-vos".

No início de março, as autoridades russas aprovaram uma lei que pune a publicação de "informações caluniosas" sobre os militares russos com pena prevista de até 15 anos de prisão.

Esta terça, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, considerou o ato "vandalismo".

Num vídeo gravado antes de entrar no telejornal, Ovsiannikova explicou que o seu pai é ucraniano, e a sua mãe, russa, e que ela não suporta a disseminação de "mentiras" que transformam russos em "zombies".

Desde então, sua conta no Facebook recebeu dezenas de milhares de mensagens de apoio. Hoje, um porta-voz do chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, elogiou o seu gesto.

"Ela assumiu uma postura moral corajosa e ousou opor-se às mentiras e propagandas do Kremlin ao vivo e na televisão controlada pelo Estado", disse Peter Stano.

Também esta terça, o governo francês declarou estar disposto a oferecer "proteção consular" à jornalista russa, anunciou o presidente Emmanuel Macron, que pediu que a Rússia esclareça a sua situação.

"Vamos iniciar medidas para lhe oferecer proteção, na embaixada, ou de asilo", disse Macron à imprensa, garantindo que vai propor isso a seu homólogo russo, Vladimir Putin, na sua próxima conversa por telefone.

O presidente francês tem tentado fazer uma mediação entre Putin e o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky: num primeiro momento, para evitar o conflito; e agora, para pôr fim à guerra.

A menos de um mês da eleição presidencial na França, Macron declarou hoje que não descarta viajar para Moscovo, ou Kiev, mas que ainda não há "condições" para fazer essas viagens "nos próximos dias".

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