"Tenho um grande interesse pela história americana e leio sobre ela há muito tempo", conta Julian Fellowes na conferência de imprensa virtual de apresentação de "The Gilded Age", na qual o SAPO Mag esteve presente. "É muito absorvente e tem um momento muito vívido na Gilded Age", assinala o britânico de 71 anos que conciliou um percurso de ator, escritor, argumentista e realizador do longo de décadas.

Apesar dos vários projetos em que se destacou, a sua criação mais emblemática será "Downton Abbey" (2010–2015), um dos marcos recentes do longo património de séries de época britânicas. "The Gilded Age", no entanto, distingue-se desde logo por também se focar nos ambientes da aristocracia, mas desta vez do outro lado do Atlântico.

Julian Fellowes

A série que chega esta terça-feira, 25 de janeiro, à plataforma HBO Portugal recua até aos anos 1880 para acompanhar "o momento em que a América tomou as rédeas do seu destino", descreve o britânico. "Deixou de achar que tinha de ter uma forma de viver ou de fazer europeia", acrescenta o criador, argumentista e produtor executivo do drama.

A ação de "The Gilded Age" "decorre logo depois da fase da Guerra Civil, também muito vívida embora menos glamourosa", e parte das relações de várias famílias aristocratas, entre segredos e mentiras, conflitos de poder e de classe, o peso da tradição e o desejo de rutura, todos ingredientes partilhados com as tramas de "Downton Abbey". Mas Fellowes garante que, tal como as suas novas personagens, não quer fazer "à inglesa" e avança que o racismo ou a homossexualidade são questões mais marcantes nesta história. "Nestas sociedades com regras muito rígidas, como lidam com isso as pessoas que não se enquadram nesses padrões? Isso é algo que vale a pena explorar".

Trailer de "The Gilded Age":

"O século XX pertenceu à América"

"A aristocracia nova-iorquina antes da Guerra Civil era essencialmente imigrante da Europa. Mas não é o caso desta gente, que chegou à cidade e construiu palácios, salões de ópera, museus. Era outra coisa", explica Julian Fellowes. "Começaram a ter confiança para virem a dominar o mundo ocidental. O século XX pertenceu à América. Quem vai dominar o século XXI ainda teremos de ver, mas o XX foi deles. E o renascimento americano começou aqui", aponta.

"Descobriram a forma de fazer as coisas à sua maneira em vez de se tornarem um pastiche da forma parisiense ou londrina. E há algo muito atrativo nisso, mesmo que alguns fossem pessoas terríveis", assinala. "Construíram uma sociedade onde as suas mulheres tiveram um papel importante, que foi a América - não era mais nada. Foi uma mistura social única que nunca tinha sido tentada noutro contexto, e há algo de inspirador nisso".

The Gilded Age

Para o produtor executivo Gareth Neame, que também passou por "Downton Abbey",  "é fascinante ver que a América tinha o seu próprio modelo aristocrático, a sua própria sociedade". O britânico acredita que "o público nunca teve grande contacto com essa realidade muito difícil de criar, sobretudo na televisão", e recorda que o sucesso inesperado de "Downton Abbey" o levou a querer focar-se neste capítulo da história norte-americana. "O maior desafio foi ter de construir todos os cenários do zero", recorda sobre o projeto que começou a ser pensado com Julian Fellowes há cerca de dez anos.

"Temos uma equipa de pesquisa muito boa", sublinha o criador da série. "Sou obcecado pelos detalhes e acho que, felizmente, partilho isso com o Gareth", conta. "Se as personagens disserem coisas que as pessoas daquela época teriam dito, vestirem o que as pessoas daquela época teriam vestido e fizerem coisas que as pessoas daquela altura teriam feito, até as pessoas que não têm qualquer conhecimento histórico daquele contexto vão acreditar nessa autenticidade. Os espectadores sentem isso".

Com um elenco liderado por Christine Baranski, Cynthia Nixon, Carrie Coon, Morgan Spector, Denée Benton, Louisa Jacobson ou Taissa Farmiga, a primeira temporada de "The Gilded Age" conta com dez episódios. A HBO Portugal estreia novos capítulos todas as terças-feiras.

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