Este será o primeiro de treze telefilmes que apresentam a visão cinematográfica que 13 realizadores contemporâneos têm da literatura contista, num projeto intitulado precisamente “Trezes” e que resulta de uma parceria entre a RTP e a Marginal Filmes, anunciou a produtora.

Produzido por José Carlos de Oliveira e Ricardo Oliveira, o projeto “Trezes” vai ter transmissão semanal e tem como objetivo contribuir para o crescimento e consolidação da relação dos públicos com a literatura e o cinema portugueses.

A série de filmes começa com “Fronteira”, de Miguel Torga (1907-1995), adaptado por João Cayatte, e termina com “O sítio da mulher morta”, de Manuel Teixeira-Gomes (1860-1941), realizado por José Carlos de Oliveira.

O ciclo contará ainda com a apresentação de “A abóbada”, de Alexandre Herculano (1810-1877), realizado por Cláudia Clemente, “O tesouro”, de Eça de Queiroz (1845-1900), com realização de Carlos Coelho da Silva, “Um jantar muito original”, da autoria de Alexander Search, um dos semi-heterónimos de Fernando Pessoa (1888-1935), realizado por Leandro Ferreira, e “O ódio das vilas”, um conto de Manuel da Fonseca (1911-1993), que António da Cunha Telles adaptará.

“O rapaz do tambor”, de Fernando Namora (1919-1989), o conto popular “A pereira da tia Miséria”, “O lavagante”, de José Cardoso Pires (1925-1998), e “Uma vida toda empatada”, de Mário de Carvalho, são outras adaptações, respetivamente a cargo dos realizadores Filipe Henriques, Marie Brand, António-Pedro Vasconcelos e Tiago de Carvalho.

A terminar os '13', contam-se ainda o conto de Lídia Jorge “Miss beijo”, realizado por Nuno Rocha, “As cinzas da mãe”, de Cristina Norton, com realização de José Farinha, e “A morte do super-homem”, de Rui Zink, dirigido por João Teixeira.

“Espero que as pessoas dediquem a sua melhor disposição a verem os filmes. Se o fizeram, estou convicto de conseguir produzir um conjunto de filmes que vai emocionar o público”, afirmou o produtor José Carlos de Oliveira, responsável pela iniciativa.

De acordo com o cineasta, para este projeto, que se dirige a todos os públicos, “houve que selecionar contos que fossem não só transponíveis para cinema, como permitissem, na adaptação, uma arquitetura narrativa legível – mesmo que, nalguns casos, clivada – e uma estrutura dramática emocionante”.

“Não quero atraiçoar o espírito do que eles escreveram. Transpor para o ecrã todas estas histórias e contos é um processo extremamente complicado. É uma atualização do olhar”, explicou, manifestando-se “muito feliz” e ansioso por saber o veredicto do público.

Segundo a produtora, os filmes foram gravados “nalgumas das mais belas paisagens de Portugal” e pretendem “despertar os espetadores para universos extremos de conflito que possam trazer alguma luz sobre questões que nos condicionam”.

Há um ano, quando o projeto foi pela primeira vez apresentado, o diretor de programas da RTP1, José Fragoso, disse à Lusa que o objetivo era adaptar um conjunto de contos que “fazem parte do nosso património literário”.

José Fragoso destacou o caráter “inovador” deste projeto, já que conta com um realizador e um elenco totalmente diferentes para cada um dos telefilmes.

Para o responsável, este projeto “tem um valor muito importante” e é “muito gratificante”, porque é raro haver telefilmes: “Há telenovelas, estamos a fazer séries com muita regularidade, estamos no cinema, e o telefilme é um género muito pouco praticado na televisão”.

Uma das vantagens dos telefilmes é a possibilidade de contar uma história de uma única vez, porque não tem continuidade e cada um é uma peça única, visão própria de cada realizador sobre a história à qual “vão dar corpo e alma”.

Segundo José Fragoso, é fundamental que este projeto “seja original no ponto de partida, mas que tenha um lado motivador para que outros projetos do género possam existir no futuro, porque é uma solução em termos televisivos que permite uma programação muito flexível”.

“Não há uma continuidade das histórias, podemos pôr um por mês ou por semana, e com isto estamos a dar relevo a histórias escritas por autores portugueses, depois trabalhadas por equipas de produção ligadas à ficção nacional com grandes atores também envolvidos e, claro, grandes realizadores de relevo no nosso panorama audiovisual”, afirmou.

Os argumentistas que escreveram as adaptações dos contos para televisão são Pedro Marta Santos, Patrícia Muller, Miguel Simal e Leandro Ferreira.