«Numa época de crise, o que se pode fazer é gastar mais. Quisemos fazer uma inversão nesse cenário de crise e fazer um canal cem por cento português», disse hoje em Lisboa, Roberto Blatt, o diretor do canal Odisseia.
Assim, e para assinalar os 15 anos de existência, o canal temático passará a ter autonomia em relação a Espanha e será direcionado em exclusivo para o público português.
Com uma imagem renovada, o canal continuará a ter documentários de todo o mundo, mas já não partilha o sinal televisivo com Espanha e irá estrear mais documentários portugueses de autor.
Em Março, serão exibidos, por exemplo, «Li Ké Terra», de Filipa Reis, João Guerra e Nuno Baptista, premiado no Doclisboa 2010, e «Se podes olhar vê, se podes ver repara», de Rui Simões.
Sem adiantar o valor do investimento, Roberto Blatt referiu que só a separação de sinais para que passem a existir o canal Odisseia Portugal e o Odisseia Espanha (até agora unidos num só), foram precisos alguns milhares de euros.
O canal está agora apostado em apoiar a co-produção de documentários portugueses, uma decisão bem vinda, segundo os realizadores Sérgio Tréfaut, Filipa Reis e Inês de Medeiros, hoje presentes na apresentação em Lisboa.
«Estamos ainda a negociar [a existência e co-produções], embora saibamos que não será muito dinheiro. Já co-produzimos alguns filmes nestes 15 anos e foram investimentos entre os cinco mil e os 30 mil euros», referiu o diretor do canal.
Para Inês de Medeiros, também deputada, o que importa referir é que «há uma nova fonte de financiamento» do documentário português, «que é extremamente criativo e dinâmico», e esta iniciativa pode servir de exemplo para que os canais privados portugueses «invistam mais no documentário».
Em março está também assegurada a exibição dos filmes «Transitando», de Gustavo Pérez, também exibido no DocLisboa e «Histórias e Luanda - Oxalá Cresçam Pitangas», de Ondjaki e Kiluanje Liberdade.
Até ao verão, estão programados, por exemplo, vários documentários de Miguel Clara Vasconcelos, «Cartas a uma Ditadura», de Inês de Medeiros, e «Lisboetas», de Sérgio Tréfaut.
Para assinalar os 15 anos de existência, o canal Odisseia irá ainda exibir entre 1 e 15 de março, quinze documentários premiados, muitos em estreia em televisão, como «Últimas Sessões com Marilyn», de Patrick Jeudy, sobre Marilyn Monroe, «As Crianças do Bairro Vermelho», de Zana Briski e Ross Kaufman, e «Birmânia, desafiando a censura», de Anders Ostergaard.
SAPO/Lusa
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