A inesperada má notícia preocupou Wall Street e as ações do serviço de streaming norte-americano caíram em 13,49%, a 85,48 dólares.
Esta segunda-feira, a Netflix informou ter registado 83,18 milhões de assinantes no final de junho, mais 1,68 milhões desde o final de março.
O grupo já havia adiantado que não igualaria o lucro recorde de 6,74 milhões de assinantes registado no primeiro trimestre, logo depois do lançamento em 130 novos países, mas estimava que seria de pelo menos de 2,5 milhões.
A previsão da empresa para o terceiro trimestre (+2,3 milhões) também é considerada decepcionante pelos analistas. "A grande pergunta que os investidores fazem é se esse enfraquecimento se deve a fatores temporais ou às forças competitivas estruturais", resumem os especialistas da Cannaccord Genuity.
A direção da Netflix disse que quebra não tem nada a ver com a pressão de concorrentes como Hulu e Amazon, mas com novos planos de tarifas e com os Jogos Olímpicos, que podem reduzir o consumo online de conteúdos.
Muitos analistas, como a Cannaccord Genuity, aconselham os investidores a aproveitarem a queda nos preços de compra de ações, mencionando as oportunidades a longo prazo representadas pela expansão internacional do grupo e o investimento em conteúdos.
Atualmente, a Netflix está presente em quase todos os países do mundo e tem destacadas produções originais, como "House of Cards" ou "Orange is the New Black".
Neil Saunders, da empresa de pesquisa Conlumino, acredita que mesmo que a Netflix recupere, terá um crescimento mais lento nos Estados Unidos. "Um mercado mais competitivo aumenta a perda de assinantes", adverte.
A nível internacional, alguns analistas advertem contra o risco de uma concentração nos programas em inglês. Apesar estratégia da Netflix na maioria dos novos mercados, a empresa frisou que irá acrescentar, de forma gradual e seletiva, programas locais.
"A Netflix foi lenta ao investir em conteúdos internacionais, inclusivamente nos países grandes, e isso reduziu o seu crescimento. Os conteúdos locais são considerados a chave para a expansão nos mercados internacionais, e retroceder nisto poderá afetar negativamente as perspectivas da empresa fora dos Estados Unidos e do Reino Unido", afirma Jonathan Broughton, da IHS Technology.
Na Bolsa, a Netflix vale aproximadamente 37 mil milhões de dólares. As suas ações perderam um terço do seu valor desde o final de 2015. "Comprar a Netflix poderia representar uma solução mais atraente do que criar um serviço, ou no caso da Amazon, uma possibilidade de consolidar a sua posição para se transformar em um serviço dominante de vídeo online", argumentou Jeffrey Wlodarczak, da Pivotal Research Group.
No entanto, conseguir um comprador provavelmente não é a prioridade da direção da Netflix, que "continua centrada na execução do seu ambicioso plano de expansão para 2016", escreveu BMO Capital Markets.
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