A atravessar uma má fase, perdendo subscritores pela segundo trimestre consecutivo e apenas pela segunda vez em dez anos, a estratégia da Netflix nos próximos meses tem duas frentes: combater a partilha de contas e lançar uma versão mais barata com a presença de publicidade.

Este plano deve ser lançado no início de 2023 num grupo limitado de mercados onde o investimento em publicidade é mais forte, anunciou a empresa aos seus acionistas e aos mercados na apresentação dos resultados do segundo trimestre, que revelaram uma perda de 970 mil subscritores (ainda assim, abaixo da sua própria estimativa de dois milhões avançada em abril).

No entanto, nem tudo o que está disponível no atual serviço irá aparecer na versão mais barata com publicidade, que terá a Microsoft e os seus sistemas como parceiros na gestão e apresentação: a programação original vai ser incluída, mas não alguns programas que são licenciados de outros estúdios e distribuidores internacionais.

Uma circunstância que foi desvalorizada pelo diretor-executivo Ted Sarandos.

“Hoje, a grande maioria daquilo a que as pessoas assistem na Netflix podemos incluir na versão suportada por anúncios. Há algumas coisas que não e estamos em conversações com os estúdios, mas se lançássemos o produto hoje, os subscritores da versão com anúncios teriam uma ótima experiência. Vamos conseguir ter algum conteúdo adicional, mas certamente não todo, mas não penso que seja um obstáculo material para o negócio", destacou.

Embora não o tenha referido, uma das razões para não ter todos os conteúdos é que alguns estúdios não abdicarão de uma parte das receitas de publicidade, o mesmo acontecendo com os sindicatos profissionais da indústria, um "bolo" que a empresa de estudos de mercado MoffettNathanson projeta que deverá passar de 150 milhões de dólares em 2023 para 1,8 mil milhões em 2025.

Embora a Netflix ainda não tenha revelado o preço da versão mais acessível paga com publicidade, a Morgan Stanley estima que possa ser de 10 dólares nos EUA (à cotação atual desvalorizada, cerca de 9,79 euros), o que poderia gerar sete dólares por subscrição em publicidade. Por comparação, o plano Standard, o mais subscrito, custa 15,49 dólares nos EUA (11,99 euros em Portugal).

O que se sabe é que chegará tarde "à festa": rivais como a HBO Max, Paramount+ e Peacock já disponibilizam os planos mais baratos com publicidade e o Disney+ projeta fazer o mesmo no final de 2022.