Em 1988, Michael Keaton fez a sua estreia nos dramas com "Limpo e Sóbrio", um poderoso olhar sobre o vício em cocaína nos Estados Unidos.

Três décadas depois, o norte-americano está pronto para voltar a retratar o tema.

Antes da estreia de "The Flash" no ano que vem, em que interpreta uma versão antiga de Batman, o ator é o protagonista de "Dopesick", uma minissérie sobre a última epidemia de drogas dos EUA: a crise dos opioides.

"Não costumo revisitar temas", disse Keaton antes de acrescentar "Mas esta é uma questão social e há muito mais para contar".

"Acende uma luz sobre a classe alta e a sua culpa", disse a um painel da Associação de Críticos de Televisão.

A série é lançada a 13 de outubro na plataforma Hulu e no mês seguinte no Star+ (Disney+). Baseia-se no livro de não ficção "Dopesick: Dealers, Doctors and the Drug Company that Addicted America", de Beth Macey.

O drama aborda como a farmacêutica Purdue Pharma promoveu agressivamente o OxyContin, um analgésico altamente viciante, considerado responsável pela crise de opioides que causou meio milhão de mortes por overdose nos Estados Unidos desde 1999.

No ano passado, os executivos da Purdue confessaram a culpa de acusações criminais que incluíam defraudar agências federais de saúde, minimizando a natureza viciante da medicação e pagando propinas aos médicos.

Ao contrário das décadas de "guerra às drogas", onde as autoridades se concentraram em prender consumidores - como viciados em "crack", muitas vezes de minorias - "desta vez 70% das overdoses que ocorreram no ano passado foram de opioides", recorda a co-protagonista Rosario Dawson.

Na série, Keaton interpreta um médico numa pequena cidade e Dawson uma oficial do governo antinarcóticos, que começam a descobrir a escala da crise.

Exposição

Kaitlyn Dever ("Booksmart") interpreta uma trabalhadora nas minas que magoa as costas e recebe uma receita de OxyContin.

Ela "está completamente inconsciente do que vai acontecer na sua vida e acaba a cair no abismo, incapaz de controlar o que quer que seja", diz Dever.

Este era destino comum para milhares de americanos que receberam prescrições de opioides potentes para ferimentos leves de médicos que recebiam bónus de gigantes farmacêuticos como Purdue.

Quando os médicos cortavam as suas receitas, muitos pacientes compravam heroína na rua para lidar com os efeitos da abstinência. Alguns se tornavam mulas, forçados a fazer viagens perigosas para contrabandear narcóticos das cidades para as comunidades rurais, em troca de drogas.

"Se você realmente olhar para o dano exponencial que o crime de colarinho branco tende a causar em comparação com o de um rapaz - digo do centro da cidade, mas poderia ser um camponês vendendo um saco de marijuana para ajudar a pagar o aluguer -, como podem comparar as duas coisas?", disse Keaton.

Para Danny Strong, criador da série, a inspiração foi "expor isso de uma forma ampla".

“Não pude acreditar no que esta empresa fez e como eles foram capazes de fazer isso por anos. As mentiras, a manipulação, o tráfico de influência. É uma história tão chocante que não conseguia parar de pensar nisso", acrescentou.

No elenco de "Dopesick" estão ainda Peter Sarsgaard, Michael Stuhlbarg e Will Poulter.

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