“Estávamos a trabalhar para [que isso acontecesse em] 2016, mas o Disney Channel e o Disney Junior anteciparam esta data para o Dia Mundial da Criança” para que todas as crianças surdas possam seguir os seus programas, adiantou José Serôdio.
Em dezembro do ano passado, o apelo de um pai surdo, Rui Pinheiro, para que a Disney Portugal legendasse os seus programas para poder assistir com a filha aos desenhos animados no canal Disney Junior gerou uma onda de solidariedade nas redes sociais.
Perante a onda de apoio, Rui Pinheiro assumiu esta questão como “uma missão” e desafiou várias entidades a apoiarem esta causa, que responderam logo ao desafio.
Uma dessas entidades foi o Instituto Nacional para a Reabilitação (INR), que supervisiona as políticas para a deficiência, que disponibilizou na altura, numa resposta escrita enviada a Rui Pinheiro, a sua colaboração para “a melhor concretização deste pedido”.
Em declarações hoje à Lusa, José Serôdio saudou o trabalho desenvolvido pela Disney Portugal, em colaboração com o INR e com a comunidade surda, no sentido de disponibilizar a opção de legendagem nos seus dois canais, o que aconteceu na passada segunda-feira.
José Serôdio lembrou que a RTP tem “desde há muitos anos” o sistema de teletexto que permite às pessoas surdas acompanhar alguns programas que não são legendados, nomeadamente os programas infantis e de informação que não têm intérprete de língua gestual.
“Com o surgimento das televisões por cabo começaram a surgir outras televisões que têm outro tipo de programação”, disse o presidente do INR, dando como exemplo o Disney Channel e o Disney Júnior em que, numa primeira fase, as séries eram em inglês e tinham legendagem.
Posteriormente, “com a política de que as crianças devem aprender mais rápido” a Língua Portuguesa, passaram a ser traduzidos e dobrados para português, o que fez com que as crianças surdas deixassem de poder compreender os programas que eram transmitidos nos canais da Disney.
José Serôdio salientou a importância de os programas serem legendados para que possam ser seguidos pelos surdos, mas também por crianças com algum tipo de necessidades especiais.
O INR tem vindo a pugnar junto da Entidade Reguladora para a Comunicação Social para que fossem incluídas nos programas das televisões nacionais a áudio descrição, a legendagem, a língua gestual e a linguagem fácil.
“É um trabalho que tem sido feito nos últimos anos e que tem sido gradualmente introduzido nas diversas televisões de acordo com as disponibilidades”, disse José Serôdio.
“Tem havido um grande aumento de língua gestual e da legendagem na televisão pública e que tem sido seguida pelos canais privados. Esperemos que também seja alargada a outros canais e às outras produtoras de programas que estão nos canais codificados”, rematou o presidente do INR.
@Lusa
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