A concorrência está a intensificar-se no mundo de streaming, com o Disney+ a chegar aos 130 milhões de subscritores e a avançar a passos largos para reduzir a diferença com a Netflix.

Entre os últimos grandes 'players' do setor a publicar os seus resultados, o Disney+ anunciou na quarta-feira que ganhou 11,7 milhões de subscritores nos últimos três meses de 2021.

Esses números "dizem muito sobre a marca sólida da Disney e a sua capacidade de superar a concorrência num mercado dos media digital cada vez mais saturado", comentou Paul Verna, analista da Insider Intelligence.

O caso da Disney contrasta com o da Netflix: a mais antiga plataforma de streaming tem quase o dobro de subscritores, mas conseguiu apenas 8,2 milhões novos subscritores durante o último trimestre, para encerrar o ano com 221 milhões.

"A Disney vai dificultar as coisas para a Netflix", alerta Tuna Amobi, analista da CFRA.

"Não é surpreendente. Tem um enorme fluxo de conteúdo, grandes nomes e franquias globais", acrescentou, numa referência às produções da Marvel, Pixar e "Star Wars".

Lançado em novembro de 2019, há pouco mais de dois anos, o Disney+ responde por grande parte do crescimento do grupo.

A Disney planeia gastar 22 mil milhões de dólares em conteúdos (sem incluir o desporto) em 2022, com o objetivo de multiplicar séries e propor mais de um novo filme original por semana.

E enquanto o serviço continua a conquistar subscritores nos EUA, ao contrário da Netflix, que praticamente saturou esse mercado, a batalha agora acontece noutras regiões, onde o número de subscrições pagas aumentou 40% num ano.

Bolo que cresce

Squid Game

Tal como a Amazon Prime Video, a Disney segue o modelo da Netflix e começou a trabalhar em cerca de 340 programas originais produzidos fora dos EUA, que devem estar disponíveis entre um ano e meio ou dois anos, disse o CEO da empresa, Bob Chapek.

"Acabámos de criar uma nova entidade para orientar o desenvolvimento desse conteúdo", afirmou.

Dona de um catálogo inigualável, com Marvel, Pixar e "Star Wars", a Disney sonha com um sucesso não americano semelhante ao de "Squid Game".

A gigante de Burbank (Califórnia) está presente em quase 60 países, em comparação com os mais de 190 da Netlix, mas pretende adicionar mais 100 até 2023.

Um símbolo da luta para conquistar novos territórios é a Índia, país de 1,4 mil milhões de habitantes. Em 2021, as subscrições pagas de um serviço de streaming ficavam-se pelos 70 e 80 milhões.

Disney, Netflix e Amazon competem ferozmente por esse mercado.

No final de dezembro, a Netflix não hesitou em baixar os seus preços no país, contrariando a sua política atual sobre o assunto, enquanto a Disney conta com a sua subsidiária Hotstar, líder no mercado indiano, mas cuja receita por subscritor é 80% menor do que no resto dos países onde o Disney+ está estabelecido.

Enquanto isso, apesar de a HBO e o seu serviço HBO Max terem agora 27 milhões de subscritores fora dos EUA (73,8 milhões no total), a marca não exibe poder de fogo semelhante.

A aliança com a Discovery, a sua plataforma Discovery+ e os seus 20 milhões de subscrições, que se pode materializar na primavera nos EUA, deve transformar o grupo.

Paramount+ (47 milhões de subscritores), Peacock (24,5 milhões, todos nos EUA) e Apple TV+ (20 milhões) são, neste momento, os últimos colocados nesta corrida.

"Se não tem recursos para financiar investimentos em conteúdo, torna-se muito difícil competir com Disney+, Netflix e Amazon", destacou Tuna Amobi.

A empresa Digital TV Research projeta que os serviços de streaming terão 1,7 mil milhões de subscritores em todo o mundo em 2026, incluindo 910 milhões para as cinco principais plataformas americanas.

"Há mais concorrência hoje do que nunca", admitiu o co-CEO da Netflix, Reed Hastings, quando o grupo divulgou os seus resultados em meados de janeiro.

À medida que a televisão tradicional desaparecer, "dentro de 10 ou 20 anos", "o streaming abrangerá todo o entretenimento", previu.