Woody Allen descreve como "bem intencionados, mas tolos" os atores que se demarcaram e mostraram arrependimento por terem trabalhado nos seus filmes — uma lista que inclui Mira Sorvino, Kate Winslet, Colin Firth, Greta Gerwig, Elliot Page, Timothée Chalamet e Rebecca Hall.

"Tudo o que estão a fazer é perseguir uma pessoa completamente inocente e a apoiar esta mentira", comentou o realizador de 85 anos numa entrevista ao Sunday Morning da CBS gravada na sua casa em julho de 2020, por altura do lançamento da sua autobiografia "A propósito de nada".

A CBS diz que é a mais aprofundada à frente das câmaras que deu desde 1992, o ano em que foi acusado de ter abusado sexualmente da sua filha adotiva Dylan Farrow.

Apesar dos processos terem sido arquivados depois de duas investigações em separado, a sua imagem deteriorou-se, principalmente nos EUA, quando Dylan renovou as acusações no início de 2018, após o movimento #MeToo.

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A entrevista ficou disponível pela primeira vez este domingo (28) na plataforma de streaming Paramount+, no âmbito de uma pacote mais vasto que também inclui outra conduzida por Gayle King com Dylan Farrow em 2018.

O "timing" é controverso: em comunicado, o canal diz que não foi emitida no ano passado por causa do "ciclo de notícias ativas", que incluía a pandemia, as eleições presidenciais e os protestos pela justiça social.

A decisão de exibi-lo na Paramount + deveu-se ao "interesse renovado pela polémica à volta do cineasta" por causa do recente documentário da HBO "Allen v. Farrow".

Mas a equipa de Woody Allen diz-se enganada.

"Mentiram-nos mês após mês, finalmente quebrando a palavra dada de que seria sobre a carreira e novo livro do Woody sem qualquer tipo de controvérsia ('não fazemos isso no nosso programa Sunday Morning'"), contou a sua irmã e produtora Letty Aronson ao blogue Showbiz411.

"É completamente desonesto e escandaloso. No futuro, espero que as pessoas ponderem isto antes de confiar no programa", comentou ainda à Variety.

"Quando o programa Sunday Morning da CBS foi gravado, disseram-nos que era sobre a sua carreira e o seu livro. Naquela altura não foi dito nada sobre fazer um programa que andaria para trás e para a frente em relação à polémica absurda. Foi nessa base que concordámos em fazer o programa. Só descobrimos recentemente que estavam a incluir a Dylan quando passou para a Paramount", esclareceu.