Com curadoria da diretora artística da fundação, Marlene Oliveira, e de Perfecto E. Cuadrado, coordenador do Centro Português do Surrealismo, a exposição “Mário Cesariny: O Outro Lado do Reflexo” antecede o arranque das comemorações do centenário de Cesariny e vai poder ser visitada até 16 de julho.
“Expor fotografias que retratam a sua casa, vida e obra é uma oportunidade de fortalecer o conhecimento do homem e do artista, que fez História e Estórias em Portugal. Nesta exposição, Duarte Belo e Eduardo Tomé destacam-se pela quantidade de possibilidades que nos trazem, e que nos fazem entender a personalidade irreverente de Mário Cesariny”, indicou Marlene Oliveira, numa descrição da mostra enviada à Lusa.
As fotografias de Duarte Belo e Eduardo Tomé, em particular, mostram o “espaço real [de Cesariny], o seu quarto, a sua cama, os seus objetos, obras e livros que levam ao seu universo surreal”.
“O seu quarto era a sua ‘sala de visitas’, onde recebia os seus convidados, sentado, ou mesmo deitado na sua cama”, acrescentou a curadora.
A mesma nota realçou se podem encontrar “ainda muitas outras fotografias de autores desconhecidos, muitos, certamente, seus amigos, mostrando o seu outro lado do reflexo, e em todas as suas dimensões”, reunindo “cerca de 200 fotografias nesta exposição, que antecede o início das comemorações do seu centenário, que inicia em agosto, aquando da data do seu nascimento”.
“Esta exposição é mais uma oportunidade de encontrar Mário Cesariny, de revisitar o seu espaço e as memórias de quem por lá passou”, sublinhou Marlene Oliveira.
Nascido a 9 de agosto de 1923, em Lisboa, Cesariny de Vasconcelos estudou na Academia de Amadores de Música, sob a orientação do professor Fernando Lopes Graça, e ingressou no princípio da década de 1940 na Escola de Artes Decorativas António Arroio, onde conheceu, entre outros, Fernando José Francisco e Cruzeiro Seixas, que o acompanharam na aventura surrealista.
Foi protagonista de muitas ações e criações polémicas com os outros artistas surrealistas, mas a partir do início dos anos 1950 o grupo começou a desintegrar-se.
Cesariny manteve-se ativo na poesia, nas artes plásticas e na tradução, passando a conviver com Luís Pacheco, Manuel de Lima, António José Forte, João Rodrigues, Manuel Castro, João Vieira e Helder Macedo.
"Titânia", "Pena Capital", "Antologia do Cadáver Esquisito" e "Planisfério e Outros Poemas" são alguns exemplos da sua obra poética ao longo dos anos 1950 e 60, mas continuou também a realizar exposições individuais e coletivas em Portugal, Brasil, Bélgica, Estados Unidos.
Mário Cesariny recebeu vários prémios pela obra escrita e plástica, nomeadamente o Prémio Vida Literária, da Associação Portuguesa de Escritores, e o Grande Prémio EDP de Artes Plásticas.
Depositou a sua obra plástica na Fundação Cupertino de Miranda.
Cesariny morreu a 26 de novembro de 2006.
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