Intitulada "There and Back Again", esta é uma das primeiras exposições depois da morte de Paula Rego, em junho passado, aos 87 anos, e a primeira em nome próprio na Alemanha.

A exposição, que abre ao público no domingo e ficará patente até janeiro, contará com mais de 80 obras, entre pintura e desenho, mas terá dois pontos particulares de interesse: "O jardim de Crivelli" (1990) e "O Anjo" (1998).

Segundo o Kestner Gesellschaft, é a primeira vez que "a monumental obra-prima" "O jardim de Crivelli" é vista fora da National Gallery de Londres.

Na página oficial, o centro de artes explica que a exposição foi concebida como uma "ópera sobre a condição humana, desenhada numa sequência de atos e encenada através de múltiplas narrativas", com o percurso expositivo a culminar na obra "Anjo", de 1998, que a fundação Gulbenkian adquiriu este ano para o Centro de Arte Moderna.

Em exposição estará também algum do guarda-roupa que Paula Rego desenhou para o espetáculo de dança "Pra lá e pra cá" - daí o título da mostra alemã -, estreado em 1998 na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

Dias depois desta exposição em Hanover, é a vez de inaugurarem, a 5 de novembro, duas exposições na Casa das Histórias Paula Rego (CHPR), em Cascais.

São elas "Histórias de todos os dias. Paula Rego, anos 70" e "Paula Rego e Salette Tavares: Cartografias da criatividade feminina nos anos 70", ambas com curadoria de Catarina Alfaro.

Sobre "Histórias de todos os dias. Paula Rego, anos 70", Catarina Alfaro explica, num texto na página oficial da CHPR, que abordará "instantâneos do quotidiano", registados pela artista em desenhos em tinta-da-china, e testemunhará a transição plástica para a tinta acrílica.

"A multiplicidade referencial presente nas obras da década de 70 é também consequência de um sentido de apropriação que é estrutural na identidade artística de Paula Rego", escreve a curadora, lembrando que as estadias da artista em Londres "são determinantes para a construção da sua linguagem figurativa singular".

A outra exposição paralela diz respeito à relação de amizade entre Paula Rego e a escritora e ensaísta Salette Tavares (1922-1994), que se conheceram nos anos 1960 e foram, "além de amigas na vida privada, também companheiras no mundo da arte".

"Esta exposição comemora a sua relação e revela os caminhos distintos, mas cruzados que traçaram no contexto português nos anos 1970 e sobretudo após a Revolução de 25 de Abril de 1974", lê-se na nota divulgada pela CHPR.

As duas exposições ficarão patentes na Casa das Histórias Paula Rego até maio de 2023.

Paula Rego, uma das mais aclamadas e premiadas artistas portuguesas a nível internacional, morreu a 8 de junho aos 87 anos, em Londres, onde estudou nos anos 1960 e se radicou definitivamente a partir da década de 1970.

Em 2009 foi inaugurado o museu Casa das Histórias Paula Rego, que acolhe parte da sua obra, em Cascais.