Em poucos anos, o TikTok retirou do anonimato artistas como Lil Nas X - o single "Old Town Road" tornou-se a canção mais vendida da história dos Estados Unidos - e lançou carreiras como a da rapper Doja Cat.

As grandes editoras, confusas no princípio, não tiveram outra opção a não ser assinar acordos de licença com o TikTok e transformá-lo numa parte central da sua estratégia de marketing.

"Quando aparece uma plataforma inovadora, é compreensível que os titulares dos direitos se sintam incomodados", disse à AFP Ole Obermann, diretor musical internacional do TikTok.

Após a sua explosão mundial durante o primeiro confinamento, a rede social chinesa de vídeos curtos - inicialmente chamada Musical.ly - tornou-se o principal motor de descoberta musical entre os jovens.

No TikTok, 75% dos utilizadores descobriram novas canções em 2021 e 175 delas chegaram à lista Billboard Hot 100 dos Estados Unidos, segundo a empresa.

O seu segredo é um potente algoritmo, capaz de sondar com precisão os gostos musicais dos subscritores e oferecer uma seleção de vídeos adaptada a cada um deles.

Stromae

Em meados de 2021, os jovens americanos aderiram em massa a uma remistura de "Alors on danse", do artista belga Stromae, reproduzindo milhões de vezes uma coreografia criada pelo influencer Usim Mango.

Dez anos após o lançamento, "a popularidade da canção disparou no streaming", explica à AFP Jean-Charles Mariani, diretor de estratégia digital da Universal Music France, "especialmente entre os jovens, já que quase 30% deles ouviu a canção pela primeira vez".

O sucesso das canções na aplicação reflete-se nas plataformas de streaming (Spotify, Deezer), onde dois terços dos subscritores voltam a ouvir as canções que descobriram. 72% associa as canções diretamente aos 'desafios de dança' que se tornam virais na aplicação, chamando-as de "música TikTok".

Nos últimos meses, o TikTok deu nova vida a êxitos como "Dreams", dos Fleetwood Mac (1977), e "Rasputin", dos Boney M (1978). Também ajudou artistas independentes, como o compositor londrino Tom Rosenthal, a ganhar um grande número de seguidores.

Por outro lado, alguns artistas apontam o risco de uniformidade musical no TikTok, já que o algoritmo favorece as produções pop ou hip-hop, suscetíveis de chamar a atenção dos seguidores em pouquíssimos segundos.