O Teatro Nacional São João (TNSJ), no Porto, vai assinalar os 50 anos do 25 de Abril no próximo ano, levando escolas ao palco em mais uma edição do projeto Visitações e com Nuno Cardoso a adaptar “Fado Alexandrino”.
“O cinquentenário da Revolução dos Cravos marca a nossa programação do primeiro semestre do ano. Chegados aqui, como olhamos para estes 50 anos de liberdade? Quem somos? Que olhar lançamos ao futuro?”, pode ler-se no caderno da programação entre janeiro e julho, hoje divulgada, e que prevê o encerramento do Mosteiro de São Bento da Vitória no segundo semestre do ano, para obras de eficiência energética.
Nos dias 4 e 5 de maio, “Visitações: Revolução”, com texto e coordenação de Cátia Pinheiro e José Nunes, e colaboração da ‘rapper’ Capicua, vai levar ao TNSJ jovens de oito escolas do distrito.
“As revoluções em curso e sobretudo aquelas por fazer estruturam e conferem unidade ao texto, trabalhado em oito ‘atos’, tantos quantas as escolas participantes. A urdi-los estão as palavras ritmadas de Capicua. Um palco, lugar onde o teatro se cumpre todos os dias, talvez seja um dos mais simbólicos espaços onde indagar a ideia de revolução. Jovens de oito escolas da Área Metropolitana do Porto vão tomar o do São João de assalto e enchê-lo de perguntas, rimas e desejo de futuro”, indicou o TNSJ na programação.
Um dos destaques da temporada vai para a estreia de “Fado Alexandrino”, de António Lobo Antunes, com encenação e dramaturgia do diretor artístico do TNSJ, Nuno Cardoso, que vai estar no São João entre 5 e 28 de abril.
“Nuno Cardoso leva à cena aquele que é considerado o grande romance sobre o 25 de Abril, na celebração do seu cinquentenário. O palco devém um imenso mural, que confere matéria, pela presença e contracena dos atores, pelo trabalho dos criativos, às vivências das personagens em quatro tempos que se interpenetram: o Estado Novo, a memória da guerra colonial em Moçambique, a Revolução dos Cravos, o pós-Revolução”, pode ler-se no caderno de programação.
Entre 11 e 27 de abril, mas no Teatro Carlos Alberto (um de três espaços geridos pelo TNSJ, a par da sala da Praça da Batalha e do Mosteiro São Bento da Vitória), a companhia de teatro Palmilha Dentada apresenta “O 25 de Abril Nunca Aconteceu”, de Ricardo Alves.
“‘O 25 de Abril Nunca Aconteceu’ acompanha um dia na vida da família Freitas, numa estética devedora de filmes como ‘O Pai Tirano’ e ‘O Pátio das Cantigas’. O mundo avançou, mas Portugal não. O pai trabalha via Internet num esquema de extorsão de dinheiro a mulheres falantes de português espalhadas pelo mundo. A empresa, tal como as tipografias anteriores a 1974, é também o local de funcionamento de uma célula clandestina, que põe a circular informação sobre a ditadura portuguesa. A PIDE continua ativa e cada vez mais ridícula. As Crocs são proibidas”, lê-se na descrição da peça.
No âmbito do aniversário da Revolução, o Mosteiro de São Bento da Vitória vai acolher o ciclo “Musical-mente”, entre fevereiro e março, e o TNSJ vai acolher duas récitas de “Quis Saber Quem Sou”, de Pedro Penim, no final de maio e começo de junho.
No primeiro semestre, o TNSJ recebe ainda um ciclo dedicado ao dramaturgo inglês William Shakespeare, que vai passar por “Ricardo III”, encenado por Marco Paiva, “Outra Tempestade”, levada ao palco por Carlos J. Pessoa, e “Hamlet, L’Ange du Bizarre”, de Miguel Moreira,
O ano começa no TNSJ “Um Sonho”, de Strindberg, por Bruno Bravo, em janeiro, passando também pelo Porto espetáculos como “A hora em que não sabíamos nada uns dos outros”, de Olga Roriz, “A Mina” e “Tribunal Mina”, da Hotel Europa sobre São Pedro da Cova, “A Farsa de Inês Pereira”, de Pedro Penim a partir de Gil Vicente, e “Angela (a strange loop)”, de Susanne Kennedy, entre muitos outros.
O primeiro semestre do ano vai ainda contar com a habitual passagem do Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica pelos espaços do TNSJ, e com a estreia de “Homens Hediondos”, de David Foster Wallace com encenação de Patrícia Portela, em junho, que vai ter Nuno Cardoso a interpretar sozinho em palco.
No dia 6 de junho estreia-se o projeto NÓS/NOUS, com texto da galega Ana Carreira e encenação de Nuno M. Cardoso, que “aborda as questões geracionais ligadas à expressão da liberdade (e da sua perda), da identidade, da rebeldia e da desobediência face à norma, ao preconceito, às regras instituídas”.
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