“Shakespeare morreu há 400 anos e continua mais vivo que nunca. Que mistério é esse que faz com que gente de todo o mundo continue a precisar dos monumentos teatrais que este inglês escreveu?”, questionam, em comunicado, os diretores artísticos dos dois teatros, Aida Tavares, do Municipal S. Luiz (TMSL), e Tiago Rodrigues, do Nacional D. Maria II (TNDM).
O festival, que se prolonga até 13 de agosto, irá ocupar a programação dos dois teatros e “também o espaço público da cidade”.
“Glorioso verão – Festival Shakespeare” abre com a exibição, na sala estúdio do TNDM, de uma série de filmes baseados em obras de Shakespeare. A primeira película a ser exibida é “Romeo and Juliet” (1968), de Franco Zeffirelli, na sexta-feira.
Esta série inclui “Hamlet” (1948), de Laurence Olivier, no sábado, “Macbeth” (1971), de Roman Polanski, no dia 15, “King Lear" (1970), de Peter Brook, no dia 16, e prossegue com “The complete walk”, uma série de curtas-metragens realizadas pela Royal Shakespeare Company, de Londres, a partir da obra do dramaturgo, que serão exibidas, de 08 a 13 de agosto, em diferentes espaços lisboetas.
Na sala Garrett do D. Maria II, de 14 a 23 de julho, vai estar em cartaz “Romeu e Julieta”, de Rui Horta, que, segundo a organização, "é uma viagem sensorial livremente inspirada em Shakespeare, mas fiel às grandes questões que esta aborda: a irracionalidade do ser humano perante o amor e a morte”.
Nos dias 13 e 14, no âmbito do Festival Ao Largo, no Teatro Nacional de S. Carlos, apresenta-se “Sonho de uma noite de verão”, como espetáculo final da Escola Superior de Teatro e Cinema, sob a direção artística de Cristina Carvalhal, que retoma o ponto de partida de uma criação apresentada há alguns anos, nos jardins do Palácio Vila-Flor, em Guimarães.
Outro espetáculo, de alunos finalistas da licenciatura em Teatro da mesma escola, é “Shake, shake, shake, meu amor”, coordenado por Francisco Salgado, em cena de 28 a 31 julho, na sala Garrett do TNDM.
“António e Cleópatra”, texto e encenação Tiago Rodrigues, sobre original do dramaturgo, estreia-se no dia 15 de julho, na sala principal do TMSL, onde se mantém em cartaz até dia 17.
Segundo nota da organização, o general romano e a rainha do Egito “misturaram amor e política e inventaram uma política do amor", "são um romance baseado em acontecimentos reais frequentemente romanceados”. “Shakespeare ergueu-lhes um monumento verbal. Neste espetáculo, Sofia Dias e Vítor Roriz são a dupla aqui e agora do que eles foram ali-e-então”, segundo a mesma fonte.
Outra criação de Tiago Rodrigues é “By heart”, que fica em cena de 20 a 23 de julho, na sala estúdio do TNDM, “uma peça sobre a importância da transmissão, do invisível contrabando de ideias, que apenas guardar um texto na memória pode oferecer", um "esconderijo seguro que os textos proibidos sempre encontraram em nós”.
De 18 a 23 de julho, no Jardim de Inverno do S. Luiz, apresenta-se “Trocava a minha fama por uma caneca de cerveja”, uma criação Rui Neto e Teresa Sobral. Aqui, “são as palavras de Shakespeare que são servidas". "São a senha e contra senha, na fila para a ração do dia. O banquete dos pobres é servido enquanto chovem granadas. Ricardo III tem granadas. Lady Macbeth tem granadas. Hamlet e a mãe de Hamlet têm granadas. E o dia prossegue. Entre mortos inventados. Um morto inventado é mais real. É mais fácil acreditar. Ainda assim o horizonte parece inacreditavelmente tranquilo”, escreve a organização sobre o espetáculo.
O Festival inclui ainda uma encenação de António Pires de “Cimbelino”, estreada no Festival de Teatro de Almada, que é apresentada nas Ruínas do Convento do Carmo.
Da programação, consta ainda a apresentação de uma edição da peça “Macbeth”, numa tradução do brasileiro Manuel Bandeira (1886-1968), no dia 12 de julho, no salão nobre do TNDM, seguida da leitura encenada desta tragédia pelo ator João Grosso, e o recital “If music be the food of love”, sob direção do pianista Nuno Vieira de Almeida, nos dias 16 e 17 de julho, no jardim de inverno do TMSL, e ainda “hOtelo”, sob a direção de Pedro Lacerda, na Sala Mário Viegas do S. Luiz, de 21 a 24 de julho, uma produção Negócio/ZéDosBois.
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