Quase 300 escritores francófonos, incluindo dois vencedores do prémio Nobel de Literatura - Annie Ernaux e Jean Marie Gustave Le Clézio -, denunciam num artigo publicado esta terça-feira o "genocídio" da população em Gaza e exigem "um cessar-fogo imediato".

"Assim como foi urgente qualificar os crimes cometidos contra civis a 7 de outubro de 2023 como crimes de guerra e contra a humanidade, hoje é necessário nomear o 'genocídio'", afirma o artigo publicado pelo jornal francês Libération.

"Mais do que nunca, exijamos que se imponham sanções ao Estado de Israel, exijamos um cessar-fogo imediato que garanta segurança e justiça para os palestinianos, a libertação dos reféns israelitas, a dos milhares de prisioneiros palestinianos detidos arbitrariamente em prisões israelitas, e o fim, sem demora, deste genocídio", acrescenta o texto.

Entre os signatários estão autores recentemente laureados com o Prémio Goncourt, como Hervé Le Tellier, Jérôme Ferrari, Laurent Gaudé, Brigitte Giraud, Leïla Slimani, Lydie Salvayre, Mohamed Mbougar Sarr, Nicolas Mathieu e Éric Vuillard.

Em resposta ao ataque sem precedentes executado a 7 de outubro de 2023 no sul de Israel por comandos do Hamas infiltrados a partir da Faixa de Gaza, o Exército israelita efetua há mais de 19 meses uma ofensiva no território palestiniano sitiado, devastado e tomado pela fome.

Desde 17 de maio que Israel intensificou a ofensiva com o objetivo de libertar os últimos reféns israelitas, tomar o controlo total de Gaza e aniquilar o Hamas, movimento islamista no poder no território desde 2007.

O termo "genocídio", rejeitado com veemência por Israel, divide os observadores da guerra. As acusações multiplicam-se, procedentes da ONU, de grupos de defesa dos direitos humanos e de um número crescente de países.

A qualificação "não é um slogan", consideram os signatários do artigo, que rejeitam "mostrar uma empatia generalizada e sem direção, sem qualificar este horror nem precisar do que se trata".