A banda portuguesa Névoa regressa esta semana aos discos, com a saída do terceiro álbum, “Towards Belief”, que demorou quase dois anos a ser publicado devido a uma sucessão “de má sorte e infortúnios”.
O disco é lançado na sexta-feira e marca o regresso da dupla portuense aos discos, quatro anos depois de “Re Un”, um álbum que tinha sido bem recebido pela crítica especializada quer em Portugal quer no estrangeiro (na publicação Noisey, a jornalista Kim Kelly classificou-os como uma “lufada de ar fresco” face aos demais grupos do black metal português).
“Towards Belief” foi criado entre fevereiro e outubro de 2018 e está pronto desde então, contando com a participação do saxofonista alemão Julius Gabriel e do trompetista norueguês Arve Henriksen, em dois dos seis temas que constituem o álbum.
Uma das metades de Névoa, Nuno Craveiro, explicou que, ao contrário do disco anterior, feito no espaço de uma semana, “Towards Belief” foi desenvolvido com tempo: “Estivemos entre fevereiro e outubro enfiados [no estúdio]. Foi muito melhor no sentido em que qualquer detalhe que não gostássemos íamos refinando”.
O outro membro do grupo, João Freire, reconhece que a ambição da dupla para o terceiro longa duração era “um bocado diferente”, querendo ir além do “ciclo típico das bandas portuguesas”, de lançar o disco, promover por todo o país e ficar por aí. O objetivo era também procurar públicos a nível internacional.
Produzido por Dani Valente e pelos próprios músicos, o disco foi também misturado por Dani Valente no Caos Armado Estúdio, em Santa Maria da Feira. A masterização, posterior, esteve a cargo do guitarrista e produtor James Plotkin, que já esteve por trás de projetos como Khanate e OLD.
No entanto, uma série de "infortúnios" levou a que o disco tivesse ficado “completamente parado” durante um ano e oito meses, em particular devido à ligação que foi estabelecida com um ‘manager’ estrangeiro.
Como relataram os dois músicos à Lusa, no espaço de dois anos sucederam-se os problemas de comunicação e momentos em que parecia que se ia conseguir uma editora para o álbum ou que se ia definir uma potencial digressão europeia, para logo de seguida cair por terra.
“Nada aconteceu, o tempo a passar e nós a vermos o disco completamente parado”, contou à Lusa João Freire, que salienta que o álbum só vai sair agora, nas plataformas digitais em edição da própria banda, porque decidiram “bater com a mão na mesa”.
“Foram dois anos de avança e não avança. […] Neste momento, só quero que as pessoas ouçam o disco. O disco já é tão velho, já devíamos estar a fazer outro. É tão frustrante”, lamentou Freire, que só admite apresentar os novos temas ao vivo, quando houver uma normalização da situação sanitária.
Nuno Craveiro realça que outra das razões para lançarem agora o álbum é porque acreditam ser “uma boa altura para as pessoas descobrirem música nova”.
“Estou expectante para ver as reações das pessoas, mas com expectativas diferentes e especiais no momento em que estamos a viver”, diz João Freire.
Os Névoa contam poder lançar "Towards Belief" em edição física num futuro próximo, mas ainda estão a decorrer negociações para que tal aconteça.
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