A banda portuguesa Holy Nothing vai marcar presença, em março, no festival norte-americano South by Southwest (SXSW), levando o álbum de estreia “Hypertext", naquela que vai ser a “primeira real experiência” do grupo no estrangeiro.

“Ficámos um bocado extasiados. Tentámos ver a veracidade do ‘email’”, disse, entre risos, Pedro Rodrigues, um dos três membros da banda, quando questionados sobre como tinham recebido a notícia de que iam a Austin, de 15 a 20 de março.

O teclista Nelson Silva confirma que ficaram “super-satisfeitos”, não apenas pelo facto de se tratar dos Estados Unidos, mas também a nível da “concretização como músico”, uma ideia que Pedro Rodrigues subscreve: “Há sempre aquele cunho positivo que é saberes que foste selecionado, de entre vários projetos de todo o mundo, e sentires que pode haver algo especial associado ao que tu fazes”.

“Diretamente do Porto, Portugal, este trio de música eletrónica viaja fundo na exploração e experimentação do que um laboratório cheio de sintetizadores e ‘grooveboxes’ consegue produzir. Ao misturar ritmos tropicais com ‘vocoders’ industriais ou mergulhando batidas dançáveis em ambientes hipnóticos, tudo parece possível e inesperado na linguagem hipertextual desta banda”, escreve o festival SXSW na sua página.

Pedro Rodrigues salienta a ideia de “experimentação e de pesquisa” e de uma sala de ensaios que “é verdadeiramente um laboratório”, onde a criação “é uma questão de falhas e de tentativa-erro”.

Em setembro do ano passado os Holy Nothing lançaram “Hypertext”, primeiro disco do grupo, misturado por Rui Maia (dos X-Wife), numa edição Cultura Fnac e Turbina, que o guitarrista Samuel Gonçalves classifica como “uma metáfora mais ou menos direta: hipertexto enquanto texto com muitas hiperligações”.

“No fundo, o nosso texto acaba por ser o disco. É um disco com muitas referências e com um processo de criação que vai beber a muitos sítios diferentes”, disse Samuel Gonçalves.

Pedro Rodrigues acrescenta que têm “comprovado” que “Hypertext” “vem muito mais daquele trabalho presencial em sala de ensaios enquanto o [EP] ‘Boundaries’ resultava das maquetes que tinham surgido em partilha de temas na Dropbox, enquanto [estavam] todos em sítios diferentes do globo”.

A banda, que costuma dizer que é constituída por "um músico [Nelson Silva] e dois arquitetos [Pedro Rodrigues e Samuel Gonçalves]", arrancou quando Nelson Silva estava no Porto, Pedro Rodrigues na Holanda e Samuel Gonçalves no Chile, o que significava que o trabalho era feito através do computador e da partilha no sistema de armazenamento digital Dropbox, o que já não sucede agora que estão os três no Porto.

A banda faz questão de trabalhar a música em conjunto com as artes visuais, algo mais presente nos espetáculos ao vivo, recorrendo para isso aos criativos Bruno Albuquerque (autor da capa do disco), João Pessegueiro e Rui Monteiro.