Peter Suede, nome artístico de Pedro Baptista, admitiu que ainda “anda um bocadinho nas nuvens”.

Aliás, "entre as nuvens e o chão", que enquanto trabalha para a apresentação do seu primeiro álbum, no dia 15, no Salão Brazil, em Coimbra, tem também de se preparar para a época de exames que se aproxima (está no 11.º ano).

“Entretanto, vem a época de exames e não dá para estar muito nas nuvens, mas quando dá para estar, sabe muito bem. Não anda nada fácil conciliar tudo, mas as coisas vão dar certo”, disse à agência Lusa o jovem músico, que começou a compor músicas com 14 anos.

Foi na pandemia, durante o primeiro confinamento, em 2020, que as canções começaram a ganhar forma e Pedro Baptista, na altura com 15 anos, decidiu aprender através de tutoriais na Internet sobre como gravá-las.

“Eram gravações caseiras, porque gosto de fazer tudo sozinho – quanto mais independentes pudermos ser no processo melhor”, afirmou.

As maquetes acabaram por ir parar às mãos do músico Victor Torpedo (Tédio Boys, The Parkinsons), amigo do pai de Pedro.

“Eu tinha visto umas maquetes ainda muito primitivas e ele estava ali um bocado embrulhado sem conseguir fazer nada com aquilo. Isto foi quase uma prenda de anos que lhe dei, gravei à socapa dele as baterias [por Ricardo Brito] e as teclas [Miguel Cordeiro] sem ele saber”, contou à Lusa Victor Torpedo.

Depois de mostrar as gravações, o músico levou Pedro Baptista a gravar na sua casa.

“Eu pensava que estava tudo ao lado, que ia ser impossível juntar tudo, mas ele veio, gravou as vozes, a guitarra e o baixo e colou tudo. As estrelas às vezes alinham-se”, notou.

“Eu fiquei surpreendido, o pai ficou surpreendido [com o resultado], ficaram todos. Devem estar aos saltos agora com o lançamento”, salientou o músico, que vê no álbum um trabalho de rock com “um lado ‘naif’ e urgente daquela idade”.

Depois da gravação, Victor Torpedo mostrou as músicas ao responsável da Lux Records, Rui Ferreira, que decidiu avançar com o lançamento do disco, com sete temas originais, tendo como primeiro single “Stuck in My House”, que remete para o período da pandemia (e cujo videoclip já é conhecido).

“A música fala de estar fechado em casa durante três meses e só ver as paredes de casa e do quarto, mas se me queixo da pandemia, ela acabou por ser o motor disto tudo”, afirmou Pedro, cuja experiência que tinha de palco estava mais associada ao piano e à interpretação de música clássica e erudita (frequenta a Escola de Música do Colégio São Teotónio).

“É um mundo completamente diferente. Já tinha tocado baixo e guitarra com amigos meus em festas das escolas, mas isto é algo a que eu estava alheio”, disse o jovem, que em palco do Salão Brazil vai apresentar-se com mais três amigos: Francisco Santos (baixo), Carlos Martinho (bateria) e Miguel Martins (teclas).

Victor Torpedo, que também começou bastante novo, aos 15 anos, deixa como conselho ao jovem músico não se preocupar “com muita coisa, só em tocar”.

“O encanto é estar só pela música. Ao longo do caminho, às vezes isso perde-se. Uma das satisfações que tenho tido é tocar com os 5.ª Punkada [banda com membros da Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra], em que se está só pela música, pelo prazer de estar ali”, frisou.

Para além disso, o músico realçou como o mundo se tornou de alguma forma mais fácil para quem começa hoje em dia.

“Na minha altura, gravar uma maquete, que ficavam sempre mal, pagava-se o preço que hoje se paga para se gravar dois ou três discos em estúdio. Há 20 ou 30 anos eu não poderia fazer esta surpresa que fiz, dar-lhe este presente, um presente que se calhar adoraria ter tido, que sonhava ter naquela idade”, disse Victor Torpedo.

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