No voto, refere-se que Mário Cesariny nasceu em Lisboa, em 1923, cidade onde iniciou a sua formação artística, primeiro como aluno de música de Fernando Lopes-Graça na Academia de Amadores de Música, e, no início dos anos 40, na Escola de Artes Decorativas António Arroio.

“Neste ambiente cultural, predominava o neorrealismo e, depois, o surrealismo, que marcaria indelevelmente Cesariny, nomeadamente depois de uma viagem a Paris, onde conheceu André Breton. Segundo Cesariny, o surrealismo era um convite à poesia, ao amor, à liberdade, à imaginação pessoal”, refere-se no voto.

No mesmo texto, Augusto Santos Silva aponta que, após o regresso a Portugal, fundou o Movimento Surrealista de Lisboa, “onde, além de O’Neil e Vespeira, participavam nomes como José-Augusto França e João Moniz Pereira”.

“Afastar-se-ia deste grupo após divergências e formou, em 1948, com Pedro Oom, Henrique Risques Pereira, António Maria Lisboa e Cruzeiro Seixas, Os Surrealistas. Cesariny foi um pintor de relevo, tendo participado em diversas exposições, mas distinguiu-se, sobretudo, nas artes literárias, como poeta surrealista, romancista, ensaísta, ou tradutor”, sustenta-se.

O presidente da Assembleia da República assinala depois que Cesariny “não foi uma personalidade de consensos, muito pelo contrário”.

“A rutura e o conflito pautaram diversas dimensões da sua vida e da sua obra. Isso não impediu o seu reconhecimento artístico, distinguido com diversos prémios literários e condecorado com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade de Portugal, atribuída pelo Estado português em 2005”, acrescenta-se.