A 63ª edição do Festival Eurovisão da Canção vai realizar-se no Parque das Nações, espaço que incluiu várias infraestruturas e onde se insere MEO Arena, em Lisboa, a 8, 10 (semifinais) e 12 (final) de maio de 2018. A confirmação foi dada na tarde desta terça-feira, 25 de julho, através das redes sociais pela organização do evento e em conferência de imprensa apresentada por Filomena Cautela.
"É uma escolha com toda a racionalidade (...) Lisboa oferece uma série de valências fortíssimas", frisou Gonçalo Reis, presidente da RTP. "Estamos entusiasmados. Sabemos a responsabilidade que temos. Sabemos a complexidade, a grandeza, os requisitos que temos. Mas também sabemos que a RTP, com os parceiros, cresce tipicamente para estas situações e vamos tirar o melhor partido" do festival", acrescentou.
O presidente da RTP revelou ainda que o Terreiro do Paço vai receber todo o "eixo da Eurovisão" durante dez dias.
"Estamos muito satisfeitos em anunciar que a RTP irá sediar o Festival Eurovisão da Canção de 2018 em Lisboa. A cidade apresentou uma proposta exemplar e estamos ansiosos para trabalhar juntos para tornar a primeira edição da Eurovisão em Portugal ainda mais emocionante. Gostaríamos de felicitar a RTP pelas suas avaliações profissionais e detalhadas de todas as propostas", frisou Jon Ola Sand, supervisor executivo da Eurovisão no site oficial.
Veja o vídeo do anúncio:
Gonçalo Reis, presidente da RTP, advogou que a Eurovisão será "uma ótima oportunidade para Portugal, para Lisboa, para indústria do entretenimento e para a RTP".
Aos jornalistas, Gonçalo Reis frisou ainda que há vitórias que se transformam em desafios e em oportunidades. "É muito bom ver a RTP associada a estas vitórias (...) não foi só ganhar, ganhamos com personalidade, com um aposta de caráter, de simplicidade", defendeu.
Sobre o financiamento, a RTP esclareceu que a Câmara Municipal de Lisboa, o Turismo de Lisboa e de Portugal vão contribuir para a realização do evento. Gonçalo Reis esclareceu ainda que o plano de financiamento de conteúdos só será conhecido no final do ano, garantindo que será "a Eurovisão mais económica" e "com muita criatividade".
Em comunicado, a Eurovisão avança ainda que em breve serão revelados mais detalhes relacionados com a venda de bilhetes para o evento.
Festival da Canção em Guimarães
A final do festival RTP da Canção, em março de 2018, vai ser realizada no Pavilhão Multiusos de Guimarães, disse o presidente da RTP, Gonçalo Reis, em Lisboa, em conferência de imprensa.
O presidente da RTP avançou ainda que a Câmara Municipal cedeu o Pavilhão Multiusos gratuitamente. Nos próximos quatro anos, a eliminatória nacional irá realizar-se em várias cidades portuguesas.
A última fez que o Festival da Canção da RTP se realizou fora de Lisboa foi há 16 anos, no Coliseu do Porto.
Daniel Deusdado, diretor de programas da RTP, frisou que a simplicidade irá marcar o espetáculo televisivo, revelando ainda que na edição de 2018 da fase nacional estarão a concurso 20 canções - 10 em casa semifinal.
A 51.ª edição do Festival da Canção, que culminou na vitória do tema de Salvador Sobral como o escolhido para representar Portugal na Eurovisão, realizou-se este ano, tendo sido apresentada pela RTP como uma "janela renovada" para compositores e intérpretes portugueses, com as canções candidatas a serem transmitidas em direto em duas noites de eliminatórias, perante um júri presidido por Júlio Isidro.
Para este novo modelo, a RTP convidou músicos como Rita Redshoes, Luísa Sobral, Samuel Úria, Pedro Silva Martins, dos Deolinda, ou Nuno Gonçalves, dos The Gift, que compuseram para outras vozes.
Até à sua vitória, a melhor classificação que Portugal conseguira fora um sexto lugar, por Lúcia Moniz, com “O meu coração não tem cor”, em 1996.
Portugal participou pela primeira vez no Festival da Eurovisão, em 1964, com a canção “Oração”, defendida por António Calvário, em Copenhaga, que não obteve qualquer ponto, ficando em 13.º lugar, com a ex-Jugoslávia e a Suíça, entre 16 concorrentes.
Desde a sua participação, Portugal não participou por cinco vezes: em 1970, juntando-se a um protesto de outras televisões europeias, devido aos critérios de votação, depois da vitória ex-aequo de quatro canções, em 1969, em Madrid, e, já neste séculos, em 2000, 2002, 2013 e 2016.
Veja a conferência:
Espinho, Santa Maria da Feira, Gondomar, Guimarães e Braga também queriam receber a edição de 2018 da Eurovisão. Segundo a Rádio Universitária do Minho (RUM), Ricardo Rio, presidente da autarquia, confessou estar disponível para conhecer o caderno de encargos do festival.
Em conferência de imprensa, o autarca chegou a defender que o renovado Parque de Exposições de Braga (PEB) era uma possibilidade em cima da mesa. "O Parque de Exposições renovado tem muito mais capacidade que outros equipamentos que já ouvi manifestar a sua a sua intenção em receber o certame (...) Face às alternativas que já ouvi, de Guimarães, do Porto e de vários outros locais, na Grande Nave (do PEB), nós podemos ter concertos para 15 mil pessoas", explicou Ricardo Rio.
Da Área Metropolitana do Porto (AMP), Espinho, Gondomar e Santa Maria da Feira também mostraram interesse em acolher o festival Eurovisão da Canção em 2018. Portimão também estava disponível para receber o evento.
O MEO Arena
A sala lisboeta acolhe anualmente os principais concertos. Justin Bieber, Adele, Aerosmith, Ariana Grande e Scorpions foram alguns dos artistas que atuaram no MEO Arena no último ano.
O MEO Arena é composto por uma sala de 5.200 metros quadrados, com capacidade para 12.500 pessoas sentadas. A capacidade total, no entanto, é de 20 mil pessoas em eventos com plateia em pé, sem cadeiras na arena.
"Com recurso aos mais avançados equipamentos técnicos e de segurança, a sala foi concebida para permitir, através de um túnel estrategicamente colocado, o acesso direto de camiões TIR aos bastidores de modo a facilitar e garantir rapidez às montagens e desmontagens", explica o MEO Arena no site oficial.
Em Portugal, custos abaixo da média
Portugal pode entrar na história da Eurovisão, organizando o festival da canção a custos inferiores à média dos últimos cinco anos, que ronda os 25 milhões de euros, defendeu o investigador Jorge Mangorrinha, em declarações à agência Lusa.
Para o professor universitário, investigador, autor e coordenador de vários estudos sobre os festivais da canção, o Eurofestival, em Portugal, deve ser organizado “criativamente, com base num orçamento mais baixo do que a média dos últimos cinco anos, para que se quebre a tendência para valores elevados, e até para que, no futuro, todos possam ser capazes de sediar” o acontecimento.
O investigador da Universidade Lusófona, com doutoramento e pós-doutoramento nas áreas de Urbanismo e Turismo, que nos últimos dois anos efetuou um estudo sobre como Lisboa se deverá preparar para receber o festival, cita a edição de 2012, em Baku, no Azerbaijão, como uma das que teve orçamento mais elevado, com custos "acima dos 55 milhões de euros”, incluindo a construção de “uma nova arena de espetáculos”.
A partir desse ano, os valores desceram, afirma o investigador, exemplificando com os 42,4 milhões de euros gastos em Copenhaga, em 2014, os 38,5 investidos em Viena, em 2015, os 30 milhões investidos este ano em Kiev, e os 14 milhões gastos em Estocolmo, em 2016, o valor mais baixo dos últimos cinco anos.
Ou seja, a média dos custos de organização do festival, nestes anos, ronda os 25 milhões de euros, valor em que Portugal se pode basear, ou que pode mesmo baixar, através de "uma aposta minimalista, mas imaginativa" e “de parcerias”, que permitam organizar o certame com uma verba que Mangorrinha acredita poder ser “recuperada a curto, médio e longo prazo”, até porque "o investimento passa também pela rede ‘eurovisiva’ e pelas empresas, e não só pela RTP e pelo município".
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