Uma Thurman revelou esta quarta-feira (22) que fez um aborto quando era adolescente.

A atriz americana fez a revelação numa coluna de opinião na qual expressou a sua oposição à proibição quase total do aborto no Texas.

"É o meu segredo mais sombrio", disse a estrela de Hollywood, de 51 anos, no artigo publicado no The Washington Post [acesso pago] em que contou que engravidou por acidente nos últimos anos da adolescência de "um homem muito mais velho" quando estava a viver na Europa, longe da família e com poucos recursos económicos.

Embora quisesse ter o bebé, a atriz decidiu fazer o aborto após falar com a família e por várias razões, incluindo não ter meios na altura para manter uma vida estável.

"O aborto que fiz na adolescência foi a decisão mais difícil da minha vida, causou-me angústia na altura e entristece-me até hoje, mas foi o caminho para uma vida repleta de alegria e amor que experimentei", escreveu.

A atriz, nomeada para os Óscares pelo seu papel no filme "Pulp Fiction" (1994) e para sempre ligada aos filmes "Kill Bill" (2003-2004), disse que a lei de aborto do Texas, que entrou em vigor a 1 de setembro, trará "uma crise de direitos humanos para as mulheres americanas".

"Esta lei é mais uma ferramenta discriminatória contra os economicamente desfavorecidos. Mulheres e filhos de famílias ricas têm todas as opções do mundo e enfrentam poucos riscos", afirmou.

A "Lei dos batimentos cardíacos do Texas" proíbe o aborto assim que o batimento cardíaco do feto é detetado, o que geralmente ocorre às seis semanas, antes de muitas mulheres saberem que estão grávidas. Não existem exceções para violação ou incesto.

O projeto de lei permite que os cidadãos, mesmo fora do Estado, processem médicos que realizem abortos após seis semanas ou qualquer pessoa que facilite o procedimento.

Uma Thurman disse estar "com o coração partido" por uma lei que "coloca os cidadãos contra os cidadãos, criando novos vigilantes que irão contra essas mulheres desfavorecidas, negando-lhes a opção de não ter filhos que não estão preparadas para tomar conta".

"Optar por não manter aquela gravidez precoce permitiu-me crescer e tornar-me a mãe que queria e precisava ser", explicou a mãe de três filhos.

A artista disse que partilhou a sua própria experiência "na esperança de manter as chamas da controvérsia longe de mulheres vulneráveis sobre as quais esta lei terá um efeito imediato".