Editado em Portugal pela Alfaguara, “A outra metade”, de Brit Bennett, autora considerada herdeira de James Baldwin e Toni Morrison, explora o poder e o desempenho da “raça”, mostrando duas faces da experiência negra, num romance vencedor do Goodreads Choice Awards e finalista dos prémios literários de Dublin, Women’s prize e British Book Awards.

A história parte da assunção de que em Mallard, uma cidade ficcional localizada no Estado do Luisiana, “ninguém se casava com gente escura, e também ninguém se ia embora”.

Geração após geração, a comunidade negra desta pequena localidade, na sulista Luisiana, esforçava-se por aclarar o tom da sua pele, favorecendo os casamentos mistos.

As gémeas Desiree e Stella são disso um bom exemplo, com a sua pele “cor de areia húmida”, olhos cor de avelã e cabelo ondulado, mas a aparência não basta para as livrar do estigma, e acabam por assistir à morte violenta do pai e à humilhação da mãe depois disso, segundo a sinopse.

Aos dezasseis anos, decidem fugir juntas da “terra sufocante”, pretendendo escapar ao seu sangue e libertar o seu futuro, mas a fuga para Nova Orleães acaba por ditar o afastamento das irmãs, até então inseparáveis.

Catorze anos mais tarde, Desiree volta à casa materna, arrastando pelas ruas poeirentas da terra uma filha de pele “negra como o alcatrão”, que atrai todos os olhares do “lugarejo retrógrado”.

Stella, por seu lado, tem uma vida construída na mentira: vive na Califórnia, faz-se passar por branca, e o marido nada sabe do seu passado.

Apesar de tantos quilómetros e tantas mentiras a separá-las, os destinos das gémeas estão inevitavelmente entrelaçados e voltarão a cruzar-se.

“A outra metade” foi considerado “um importante contributo literário sobre o mais vital dos temas: a identidade”, pela revista Time, que o elegeu o romance do ano 2020.

O jornal The New York Times referiu-se a este “magnífico” romance, como “uma reflexão ambiciosa sobre a raça e a identidade”, tendo como pano de fundo o “sul racista” dos Estados Unidos, em que a autora “consegue equilibrar as exigências literárias de uma caracterização dinâmica com as realidades históricas e sociais do tema em questão”.

Brit Bennett, natural da Califórnia, foi eleita em 2016 uma das cinco vozes mais promissoras da literatura americana com menos de 35 anos, pela National Book Foundation.

A autora escreve para publicações como a The New Yorker, The New York Times Magazine, The Paris Review e Jezebel.

Estreou-se no romance com “The Mothers”, um sucesso imediato, que chegou a finalista dos prémios Goncourt e Médicis, em França.

“A outra metade” veio confirmar o seu nome entre as grandes novas vozes da literatura americana e será adaptado a série de televisão.

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