“História(s) da Arte – Aquisições recentes de Serralves” é a nova exposição do Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto, composta por um total de 19 obras, de 12 artistas: Carlos Bunga, Cabrita Reis, Adriano Costa, José Pedro Croft, Trisha Donnelly, António Júlio Duarte, Carla Filipe, Renato Leotta, Dayana Lucas, Jorge Queiroz, Francisco Tropa e Marije van Warmerdam.

As 19 obras foram integradas na coleção do museu nos últimos quatro anos, ou por aquisição da fundação ou por doação dos artistas à instituição.

A exposição, apresentada hoje aos jornalistas numa visita guiada pela curadora Isabel Braga e pelo diretor do museu, Philippe Vergne, arranca com uma instalação de desenhos e colagens de Carla Filipe, na qual a artista se interroga sobre as virtudes do amadorismo, do feito à mão e mesmo do aparentemente “mal feito”.

A instalação de Carla Filipe é composta por 10 desenhos/colagens realizados pela artista durante uma residência na Bélgica. Na obra, é explorada a “relação histórica entre Portugal e Antuérpia, nomeadamente a expulsão de judeus sefarditas no século XV e que viriam a estabelecer-se na cidade belga, onde a sua presença se revelou decisiva para o seu desenvolvimento cultural e financeiro”.

A mostra apresenta várias gerações de artistas, entre nomes emergentes e consolidados, estabelecendo uma ponte com outras obras da Coleção de Serralves.

Questionada pela Lusa sobre o que unia os trabalhos da mostra, Isabel Braga abordou a “ideia da ligação ao quotidiano”, “aos materiais muitas vezes reutilizados pelos artistas”, como acontece no caso de José Pedro Croft, Cabrita Reis ou de Adriano Costa, e que têm a ver com a “precariedade” e com a “instabilidade da própria vida”.

A título de exemplo, a curadora mencionou “Intento de Conservação IV” (2015), de Carlos Bunga, feita com cartão e fita-cola, materiais efémeros que o artista usa para criar pinturas tridimensionais, esculturas e intervenções de grande escala, e que mostram essa “fragilidade” por oposição a “permanência e transmissão”.

A obra de José Pedro Croft, onde se vê uma pilha de portas de madeira encimadas por um vidro, tudo em cima de uma cadeira à beira de um potencial acidente, corrobora a “instabilidade” e “precariedade” referida pela curadora.

Na exposição, que se desenrola em três salas do Museu de Serralves, Philippe Vergne destacou também “A Maçã” (2018), de Francisco Tropa, uma obra em bronze, ligeiramente tocada e suspensa do ar, e o “Pássaro Morto” (2018), de Pedro Cabrita Reis.

A exposição encerra com “Luz” (2010), um filme da artista holandesa Marijke van Warmerdam, em que, ao longo de um minuto e 30 segundos, a mão da artista percorre as ripas de um estore.

“A luz do sol irrompe, iluminando a sala escura enquanto os seus dedos empurram, puxam e soltam as ripas. Depois de uma poderosa “varridela” pelo estore, a luz inunda o ecrã e o loop repete-se. Os loops dos filmes não-narrativos de Van Warmerdam transformam ações e objetos familiares em verdadeiras meditações sobre a vida quotidiana”, lê-se no dossiê de imprensa entregue aos jornalistas.

A exposição “História(s) da Arte – Aquisições recentes de Serralves” vai ser inaugurada hoje e pode ser vista até 4 de setembro.