Podem escrevê-lo! A atuação mais comentada a seguir à primeira semifinal do Festival Eurovisão da Canção de 2018 vai ser a de uma mulher. A de uma mulher que nem sequer vai subir ao palco para cantar! Surpreendido? Curioso? Depois de ter tido a oportunidade de assistir ao primeiro ensaio do espetáculo in loco, não tenho a menor dúvida. Filomena Cautela vai arrasar em grande estilo.
Foi ela a que, durante as suas as intervenções na Green Room da Altice Arena, conseguiu arrancar mais gargalhadas aos muitos jornalistas, bloggers e fãs. As restantes colegas de apresentação, Catarina Furtado, Sílvia Alberto e Daniela Ruah, também vão (muito) bem mas, como estão mais presas à rigidez do estilo de apresentação mais convencional que o evento exige, não têm a liberdade criativa da Mena.
Além de desafiar Aisel, a representante do Azerbaijão, a tocar piano num instrumento de brincar, Filomena Cautela vai ainda sugerir ao (muito) tatuado Eugent Bushpepa, que concorre pela Arménia, que arranje um espacinho no braço para tatuar um coração vermelho com o nome dela. Num festival que tem uma audiência média de 200 milhões de pessoas, Portugal aposta no humor para conquistar os espectadores.
Sendo o Festival Eurovisão da Canção, como o nome indica, um festival de canções, é precisamente nelas que muitos vão estar mais concentrados. Pois bem, não vão ficar defraudados. Independentemente do estilo que prefiram, nesta primeira semifinal, esta noite, há opções para todos os gostos. E três das minhas cinco favoritas, assumo, estão lá. República Checa, Bielorrússia e Israel.
O momento em que o Altice Arena se transforma num galinheiro
Depois de ter estado à conversa com ele ontem na blue carpet, estava muito curioso para ver a atuação de Mikolas Josef, o simpático e acessível representante da República Checa que, logo no primeiro ensaio, foi parar ao hospital. Apesar de ter sido obrigado a alterar a coreografia, o intérprete de “Lie To Me” corre em palco e ainda brinca com a sua já icónica mochila. Não desilude! Nas bancadas, foi um dos mais aplaudidos.
Muito aplaudida foi também Netta, a representante de Israel, que começa a canção a cacarejar como as galinhas antes de transformar “TOY” num hino ao empoderamento feminino. Apesar de ter sido forçada a parar devido a problemas técnicos, não desarmou. Tirando a parte inicial em que entram as coristas, que como o som estava demasiado alto transformou o momento num verdadeiro galinheiro, esteve irrepreensível.
Muitos afiançam que vai ser Israel a levar para casa o primeiro lugar na final, eu assumo algumas reservas. Poderá haver surpresas. Eugent Bushpepa da Albânia e Ieva Zasimauskaité da Lituânia, vocalmente perfeitos, não figuram entre os (meus) favoritos mas foram muito elogiados e aplaudidos, tal como Franka, a Alicia Keys da Croácia, como um jornalista lhe chamou ontem durante o desfile na blue carpet.
Ela, que é (ainda) mais bonita ao vivo do que na televisão, adorou a comparação. Eleni Foureira, a Shakira do Chipre, outro mulherão com um grande vozeirão, a última a atuar, também foi muito elogiada. No domingo, durante o desfile que abriu oficialmente o eurofestival, a intérprete de “Fuego” revelou-me que, apesar de ser uma das mais magras, não faz dieta. “Trabalho muito”, garantiu-me.
A azáfama em palco que os espectadores não veem em casa
Uma das coisas mais fascinantes de assistir aos ensaios de um festival da grandiosidade deste é ver a quantidade de meios envolvidos. Entre cada uma das atuações, enquanto em casa são finalmente desvendados os vídeos promocionais que os artistas andaram a gravar em diferentes regiões do país, no palco, um grupo constituído por mais de duas dezenas de pessoas, tira e/ou põe instrumentos e acessórios.
No caso de Elina Nechayeva, a representante da Estónia, o pouco tempo de que dispõem mal chega para ajeitar o longo vestido que ocupa praticamente toda a parte central do palco, onde vão sendo projetadas imagens ao longo de toda a sua atuação. Apesar de ser uma das cantoras mais bonitas desta primeira semifinal, surge em cena com um penteado que não a favorece. A sua voz, imponente, está contudo irrepreensível.
Tímida, mas com um sorriso encantador, Sennek, da Bélgica, vê a sua canção, “A Matter Of Time”, uma das que eu mais gosto, perder força ao vivo. O mesmo sucede com o tema do austríaco Cesár Sampson, prejudicado, na minha opinião, pela entoação dos coristas no refrão de “Nobody But You”. Bielorrússia, Finlândia, Suíça, Irlanda e Bulgária, outro dos favoritos das casas de apostas, não (me) dececionaram.
No final do ensaio geral, na hora de simular os mais votados, Chipre, Israel, Bielorrússia, Bulgária, Arménia, Islândia, República da Macedónia, Irlanda, Áustria e Suíça foram os países anunciados. São também esses, na sua opinião, os que poderão passar? Eu confesso que tenho dúvidas quanto a alguns deles, agora quanto a Filomena Cautela… Já vos disse que, esta semana, ainda vão ouvir falar muito nela?
Comentários