Não têm álbum novo - o mais recente, “Lightning Bolt”, data de 2013 -, nem há ainda data prevista para um próximo. Mesmo assim, os fãs não quiseram perder o regresso dos Pearl Jam a Portugal e ao NOS Alive. A banda de Eddie Vedder foi a razão principal para que os bilhetes para o último dia do festival e os passes de três dias esgotassem em dezembro.
Eddie Vedder, Mike McCready, Stone Gossard, Jeff Ament, Matt Cameron e Boom Gaspar subiram ao palco do festival com o qual partilham o nome de um tema ("Alive") na primeira edição do Alive, em 2007, e em 2010. Há oito anos que a banda não atuava em Portugal e a saudade foi comentada por muitos dos festivaleiros antes do arranque do concerto.
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Mas pouco depois das 23h00, chegou a hora de matar as saudades. Os Pearl Jam subiram a palco com toda a energia e ao som de "Low Light". Pelo meio, a banda de Seattle recordou outros sucessos, como "Do the Evolution", "Even Flow", e brindou os fãs com o tema novo, "Can’t Deny Me".
"Better Man" chegou quase no arranque do concerto e levou de imediato o público ao rubro - a multidão, de braços no ar e com palmas certeiras, cantou um dos maiores sucessos do grupo a uma só voz.
Pouco depois, Eddie Vedder arriscou algumas palavras em português para dizer "obrigado pelo convite" para atuar no festival.
Quase no fim, "Alive" também levou a multidão numa viagem no tempo, com os coros a ouvirem-se a uma distância considerável. Como seria de esperar, foram muitos os telemóveis que se saíram dos bolsos dos festivaleiros para registar o momento, mas muito dos fãs preferiram "apenas" aproveitar e guardar todas as recordações na memória.
Pelo meio, ainda houve tempo para uma versão de "Imagine" e no final Jack White, que assistiu a todo o concerto no palco, juntou-se à banda para tocar à guitarra "Rockin' in The Free World", canção de Neil Young.
Pelos sorrisos do público, pelas vozes roucas que se foram ouvido e pelas partilhas nas redes socais, o alinhamento que os Pearl Jam escolheram para o NOS Alive foi certeiro e não desiludiu. Do início ao fim do espetáculo no Palco NOS, Eddie Vedder e companhia justificaram porque é que foi tão grande a correria aos bilhetes. "Ainda nem acredito", comentava um fã no final.
Se ao grupo jogou todas as cartadas em palco, o público também respondeu bem, num crescendo de emoção do início ao fim do concerto. A mistura dos dois factores, garantiu um noite épica no Passeio Marítimo de Algés. Não se pode pedir mais.
A epopeia dos Franz Ferdinand
Os Pearl Jam não foram os únicos a conquistar o Passeio Marítimo de Algés. Os Franz Ferdinand também fizeram a festa no último dia do festival. A banda escocesa trouxe na mochila o novo disco,"Always Ascending" - o quinto álbum do grupo conta com dez temas e foi produzido por Philippe Zdar, da dupla francesa Cassius.
Apesar de ser um concerto para apresentar ao público português os novos temas, os Franz Ferdinand arrancaram com "Do You Want To", do álbum "You Could Have It So Much Better" (2015). Antes de "Always Ascending", uma viagem até 2004 com "The Dark of the Matinée".
Do novo disco, houve ainda "Glimpse of Love", "Lazy Boy" e "Feel the Love Go". Os novos temas da banda de Alex Kapranos, como diz o próprio, fazem dançar, mas de forma crua - um lembrança da identidade dos primeiros passos do grupo. Há sintetizadores e coros teatrais, que transformam as novas canções em singles certeiros da indie pop.
Para lá das novidades, o alinhamento foi repleto de canções dos álbuns pretéritos e que, para muitos fãs, foi mais que perfeito. "No You Girls", "Ulysses", "Take Me Out" e "This Fire" marcaram os momentos de maior comunhão entre a banda e o público.
Durante quase uma hora, os Franz Ferdinand aqueceram, deram o pontapé de saída e marcaram pontos no NOS Alive. Os festivaleiros gostaram e não pouparam energia, nem as vozes.
Os anos 1990 com os Alice in Chains
Os Alice In Chains subiram ao palco NOS e logo soltaram os riffs de "Check My Brain" (do álbum "Black Gives Way to Blue", de 2009), uma canção poderosa que marcou o regresso da banda norte-americana com o primeiro álbum oficial desde a morte de Layne Staley (um dos vocalistas mais criativos de todos os tempos).
Os vocais da nova fase da banda ficaram a cargo de William DuVall, que reproduz bem os tons das canções feitas com Layne.
As canções novas funcionaram bem ao vivo, só que a reação poderosa do público chegou quando a banda tocou os temas mais antigos, como "Them Bones", "Man In the Box" e "Would". E os próprios Alice In Chains reconheceram isso e brindaram os fãs com um repertório bem mais voltado para os tempos gloriosos dos anos 1990.
O ponto mais emocionante e que levou muitos às lágrimas foi quando Jerry Cantrell ofereceu "Nutshell" para Staley e Mike Starr, os membros do grupo que já partiram. Todos cantaram em coro.
A banda encerrou o concerto com "Rooster" e deixou todos em estado de graça.
Pouco depois das 21h00, Jack White subiu ao palco NOS para uma viagem pela carreira. Os temas do novo disco ("Boarding House Reach"), o terceiro a solo, foram um dos pratos principais do concerto pintado em tons de auzl - “Connected By Love” e “Respect Commander” são os dois temas do álbum e que já estão na ponta da língua de muitos fãs.
Em palco o "material" antigo combina muito bem com o mais recente. Mas um dos momentos do concerto chegou com "Seven Nation Army", dos White Stripes.
Os The Last Internationale também passaram pelo palco NOS no último dia do festival. O trio de Nova Iorque, que se destacou pela sua atuação explosiva, apresentou alguns dos temas do próximo álbum de estúdio, “Soul on Fire”, que abraça uma poesia rebelde, um som que varia entre blues, rock’n’roll e os ritmos punk que os caracteriza.
O NOS Alive regressa em 2019 ao Passeio Marítimo de Algés, em Oeiras, nos dias 11, 12 e 13 de julho.
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