Um ano e meio depois, os Norton estão de volta aos palcos. E voltaram para ficar. Contrariamente ao que é habitual, o típico álbum homónimo não coincidiu com a estreia do grupo em estúdio. "Norton" é já o quarto disco da banda portuguesa e foi, no sábado passado, apresentado pela primeira vez aos fãs, no Teatro do Bairro, em Lisboa. Sempre em terra firme, longe de grandes devaneios, mostraram-se felizes por "regressar à estrada", proporcionando um concerto que, como as moedas, teve duas faces. Além de composto, o Teatro do Bairro esteve bem disposto, ainda que com algumas intermitências de energia.

Com toda a certeza, ter problemas técnicos não era o cenário que os Norton idealizavam para um regresso tão importante quanto este. Nada que não se ultrapassasse com ajuda da boa disposição do vocalista Pedro Afonso, que de imediato apresentou as suas desculpas ao público. Apesar de não ter engatado à primeira, "Layers" abriu o concerto de forma promissora, talvez por ser umas das melhores músicas do portefólio dos albicastrenses. Este limbo entre final de inverno e início de primavera já foi o suficiente para deixar praticamente todos os membros da banda a pingar suor. O Teatro do Bairro também arregaçou as mangas e refugiou-se no fresco da cerveja e da bebida espiritual. Depois de darem umas pinceladas no álbum anterior, rasgaram finalmente o plástico de "Norton", ao entoarem "Magnets", cuja letra parecia já ser dominada por alguns elementos do público.

Como dissemos antes, não se aventuraram por caminhos pantanosos, mas foram sempre firmes e acutilantes, revelando muito trabalho de casa. O registo de Norton não é propriamente versátil, tampouco imprevisível, mas funciona como um todo ligado pelas suas partes. Coesão talvez seja a palavra de ordem. Assim o é nos seus álbuns, assim o foi nesta atuação. Músicas, na generalidade das vezes, muito diretas, sem altos e baixos, mas de rápida digestão. Não é fácil encontrarmos uma faixa brilhante - seja neste álbum, seja nos restantes -, mas é também tarefa complicada encontrar-se uma a que possamos chamar de "má" ou "fraca". Por isso mesmo, os concertos de Norton não nos levam à loucura, mas dificilmente desiludem.

Tivemos um primeiro momento, onde o conjunto português estava ainda visivelmente entorpecido, talvez até com alguma ferrugem, o que é perfeitamente compreensível. Esse primeiro momento terminou quando chegou o "Two Points", primeiro single de "Layers of Love United", de 2011. Pedro Afonso aproveitou a envolvência do público com o tema para quebrar em definitivo a monotonia para que se estava a caminhar a passos largos. Desceu do palco e invadiu a plateia, oferecendo o microfone às vozes que cantavam "Turn it up, turn it down, turn it all around" com entusiasmo. Daqui em diante, a história foi outra: mais alegria, mais genica, mais entrega. O auditório percebeu isso e respondeu da melhor maneira, culminando nas preces bem audíveis, aquando da saída de cena dos Norton: "Só mais uma, só mais uma!". Eles voltaram e fecharam com Directions, um instrumental indicado para momentos de reflexão (sugerido pelo próprio vocalista), e Coastline.

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