Quem esperou tanto tempo por um espectáculo estrondoso e ousado viu as horas de espera compensadas. Ousada e enérgica como sempre, Rihanna fez o público saltar até doer as pernas e cantar até perder a voz.

Rihanna, após uma longa espera de uma hora e meia (o começo estava previsto para as 21h) sobe a palco introduzida por berros estridentes de uma audiência histérica.

Logo após a intro “Mother Mary”, a cantora natural dos Barbados apareceu para deleite dos olhos das centenas de pessoas que se deslocaram ao MEO Arena (antes, Pavilhão Atlântico). Trazendo na bagagem o seu último álbum, “Unapologetic”, o primeiro tema com que o publico português é presenteado é “Phresh of The Runway”. As batidas electropop a roçar o agressivo são o ponto de partida para um concerto que se pontuou por muita dança e pouco canto.

Contudo o público, mais uma vez escravo de Rihanna, respondeu a todas as interações da cantora: “Lisbon, I can’t hear you”, provoca, enquanto entoa “Birthday Cake” e “Talk That Talk”.

Se as músicas de Rihanna de estúdio já abrangem a temática, ao vivo, o espetáculo é ainda mais sexualizado, com a performer a fazer-se acompanhar de coreografias ousadas. O que levanta o problema da presença de crianças entre os 5 e os 10 anos entre a assistência, já para não referir o atraso do inicio, o que terá levado pais que as acompanhavam a fazer reclamações por escrito, enquanto se viam muitas crianças a dormir durante o espetáculo.


Depois de temas como “Pour It Up”, “Cockiness (Love It)” e “Numb”, dá-se a 1ª muda de roupa da noite: a cantora faz a sua saída por debaixo do palco, enquanto uma plataforma desce. Rihanna partilha o palco com músicos, dançarinos, cantoras de coro LCDs gigantes que refletem a sua imagem, nada de muito atrativo visualmente. Todas as atenções se centravam na figura da cantora e, sobretudo, nas suas indumentárias, feitas especialmente por encomenda à casa Givenchy. E neste aspeto, nada a criticar - Givenchy continua a ser aquilo se sempre foi.

Neste segmento, com influências reggae, ouviram-se “You Da One”, “Man Down”, “No Love Allowed” e “Rude Boy”. Até aqui, podemos considerar que este concerto de Rihanna foi simplesmente um repositório de singles, pouco apelativo e até um pouco aborrecido, se este adjetivo pode ser utilizado num concerto pop. Mas não há nenhuma vontade que o público português não faça à menina-prodígio dos Barbados, e assim continuaram os aplausos.
Com a mudança de roupa número 3, introduziu-se também a temática das explosões e do fogo, com imagens sugestivas nos LCDs de palco. O tema seguinte foi “Jump”, que incendiou o MEO Arena, literal e figurativamente, com direito a línguas de fogo nas laterais do palco.

Nesta parte do concerto consegue-se perceber a clara adesão do público aos singles mais antigos: “Umbrella” pôs todo o MEO Arena a cantar em uníssono.

Seguiu-se um rol de canções mais ou menos românticas nas quais podemos ouvir “What Now”, Looooove Songe”, medley entre “Love The Way You Lie/Take a Bow/Cold Case I” e “Hate That I Love You”.

A loucura só se voltaria a instalar-se após o inicio das primeiras notas de “We Found Love”. Uma multidão ao rubro dança e canta, ao mesmo tempo que Rihanna desce do palco para cumprimentar os fãs e agitar uma bandeira de Portugal.

Para o encore ficaram reservados os dois singles mais populares do seu último álbum: “Stay” e “Diamonds”. Com uma última mudança de roupa (um vestido prateado repleto de cristais), Rihanna agradece ao público pela presença e diz que mal pode esperar pelo regresso a Portugal. O público responde-lhe com gritos de entusiasmo, um barulho ensurdecedor que deu lugar a uma plateia inteira a cantar.

Apesar da franca adesão do público, sente-se Rihanna está a precisar de um refresh se poderá passar para uma recolha em estúdio e edição de um novo álbum com novas músicas e que nos surpreendam pela positiva. Aliás, foi isto mesmo que transformou Rihanna naquilo que hoje é: um dos ícones maiores da pop mundial. Resta saber se consegue aguentar esse estatuto...

Fotografia: Tiago Figueiredo