O escritor queniano Ngugi Wa Thiong'o, eterno candidato ao Prémio Nobel e lenda literária africana, morreu na quarta-feira nos EUA aos 87 anos, confirmou a sua filha.

“É com grande pesar que anunciamos o falecimento do nosso pai, Ngũgĩ wa Thiong'o, na manhã deste dia 28 de maio de 2025. Ele viveu uma vida plena, lutou um bom combate. Como foi o seu último desejo, vamos celebrar a sua vida e o seu trabalho”, disse Wanjiku wa Ngũgĩ numa mensagem publicada na rede social Facebook.

O porta-voz da família, Nducu Wa Ngugi, anunciará em breve os detalhes do seu funeral, acrescentou a filha.

Ngũgĩ wa Thiong'o, considerado um dos principais nomes da literatura africana, tem também uma história de luta pela libertação do seu país.

Na década de 1960, quando a colonização do continente africano estava em cheque, terminando na queda de vários Governos, lutou pela emancipação do Quénia das mãos dos britânicos ao lado de jovens intelectuais que, como ele, eram recém-saídos da universidade.

A obra de Ngũgĩ wa Thiong'o, que foi também professor universitário, inclui novelas, peças teatrais, contos e ensaios, da crítica social à literatura infantil.

De entre as suas obras de referência, o destaque vai para “Não chores menino”, a sua primeira novela, escrita em 1962 pouco antes da independência do Quénia e em que aborda, através dos olhos de um jovem chamado Njoroge, as tensões entre brancos e negros, entre a cultura africana e a europeia, numa época (1952-1956) em que os revoltosos kikuyus, mais conhecidos como Mau Mau, se levantaram contra o regime colonial britânico.

A Amnistia Internacional chegou a adotá-lo como prisioneiro de consciência.

Nos EUA, deu aulas na Universidade de Yale durante alguns anos, e também na Universidade de Nova Iorque.