Encenada por Pedro Estorninho, um confesso "estudioso camiliano", depois de aos 11 anos o escritor lhe ter sido "apresentado" pelo pai, a peça vai estar em cena no Teatro Carlos Alberto (TeCA), versando sobre os últimos momentos da vida de Camilo, a 1 de junho de 1890.
"Era um sonho que eu tinha, trabalhar Camilo Castelo Branco em teatro", confessou à agência Lusa o também autor do texto, envolvido numa "intensa investigação" sobre a vida e obra do escritor "cuja ausência de cura para a cegueira levou ao disparo do revólver".
No espetáculo, Pedro Estorninho quer pôr em cena as dúvidas que o assaltaram sobre o que se passou no íntimo do escritor no período até morrer.
O encenador desvendou a curiosidade por saber "se ele teria estado consciente, no que terá pensado ou o que se terá passado na cabeça do Camilo naquele período".
Para uma oportunidade que lhe "caiu no colo", o encenador "trouxe os fantasmas, os mortos, os vivos, o último médico dele, Machado de Magalhães, que supostamente, por não ter conseguido tratar a cegueira de Camilo, abandonou a medicina logo a seguir ao suicídio e morre nove anos depois".
A paixão do escritor, Ana Plácido, surge na peça "enquanto mulher e escritora", a falar do que "sentiu de tudo aquilo", num cenário que não muda ao longo da hora e 25 minutos da peça.
No cenário encontra-se o "canapé onde foi deitado Camilo após o disparo, a cadeira de baloiço e a escrivaninha em que escrevia em pé, alternando com a escrita sentado à mesa".
Da peça que terá seis atores em cena, Pedro Estorninho confessou à Lusa que a reação que o deixaria contente seria "se as pessoas fossem para casa ler Camilo e não o tratarem de forma pesada", defendendo tratar-se de um "escritor com um humor fantástico e um sentido de sátira bestial".
Inserido no 193.º aniversário do nascimento de Camilo Castelo Branco, o ciclo promovido pelo Teatro Nacional São João (TNSJ) integra, a 3 de março, no TeCA, um concerto e o lançamento de CD com as sopranos Alexandra Bernardo e Tânia Valente, acompanhadas do pianista Bernardo Marques.
A 16 de março, dia em que se assinala o nascimento do escritor, o TNSJ promove o recital “Serões de Camilo”, em que a soprano Sara Braga Simões e o pianista Rui Martins homenageiam o escritor oitocentista.
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