“Isto é um ato de terrorismo. A PEV [promotora] recebeu um parecer do Ministério do Ambiente, após estudos feitos por entidades conhecedoras destas questões”, afirmou à Lusa Jorge Lopes, da empresa.
O responsável reagiu desta forma ao comunicado divulgado sobre a criação do Movimento Cívico SOS Estuário do Douro, no qual é feito um apelo aos artistas que se “recusem a atuar” no festival e se pede aos patrocinadores e espetadores que “não contribuam para mais este atentado ambiental”.
Em causa está o novo local escolhido para a realização da 14.ª edição do festival que fica a 900 metros do anterior e junto à Reserva Natural do Estuário do Douro o que motivou críticas da Quercus e a criação de uma comissão de acompanhamento pelo Ministério do Ambiente.
“Foi dada a viabilidade de realização do festival e algumas medidas e mitigação dos possíveis impactos”, frisou hoje o responsável da promotora do evento, segundo o qual “em termos legais tudo está correto”.
Quanto à criação do movimento cívico, noticiada quarta-feira pelo jornal Público, Jorge Lopes criticou a “chantagem e ameaças de boicote ao festival” vertidas no comunicado e adiantou que a empresa vai “agir judicialmente” contra os seus elementos.
Em comunicado, a PEV garante que “sempre teve como preocupação central o respeito pela população circundante e pela natureza que muito valoriza o festival”.
Relata ainda: “Na busca de mais esclarecimentos, solicitamos e obtivemos audiência junto do Movimento Cívico de Defesa do Estuário”, encontro que decorreu em “março na sede do FAPAS”, no qual “apenas foram feitas algumas insinuações e ameaças”.
“As entidades já referidas insinuaram que não fariam ‘mais barulho’ caso a organização ‘garantisse’ que apenas realizaria a edição de 2016 e que posteriormente os terrenos que confrontam a reserva lhes fossem cedido para ampliação”, conta.
E acrescenta: “Explanados os factos, as duvidas e insinuações, registamos a perseguição e tentativa de difamação que poucos dedicam ao Festival MEO Marés Vivas, evento de referência e aceitação de muitos milhares de visitantes nacionais e estrangeiros que ano após ano nos visitam”.
No comunicado do SOS Estuário do Douro, a que hoje a Lusa teve acesso, o movimento diz ter sido com “surpresa e indignação que muitos cidadãos tomaram conhecimento da vontade do atual executivo da Câmara Municipal de Gaia em realizar a edição deste ano do festival de música MEO Marés Vivas num terreno que é sua propriedade, denominado Vale de Sampaio”.
Alega que “o impacto ambiental já começou com a destruição de uma valiosa zona de matos no referido Vale de Sampaio, importantíssimo para a nidificação de várias espécies de aves” e que o evento marcado para 14 a 16 de julho “constitui uma ameaça fortíssima que pode destruir em poucos dias o trabalho feito durante anos”
À Lusa, Serafim Riem, membro da comissão coordenadora do movimento e presidente da direção nacional da FAPAS (Fundo para a Proteção dos Animais Selvagens) disse que o SOS Estuário conta já com duas mil pessoas, 150 das quais a trabalhar ativamente e a contactar quer os agentes dos artistas quer as empresas patrocinadoras do evento para manifestar a sua preocupação.
“Estamos esperançosos que haja músicos que acabem por não participar”, afirmou à Lusa o responsável do movimento que no dia 01 de Maio, entre as 10:h0 e as 19h00, irá realizar uma ação de rua junto do local do evento para “sensibilizar” a população para “impedir o festival”.
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