Lançado no Brasil em 2019, este livro, que esgotou a primeira edição e já vendeu os direitos para uma adaptação cinematográfica, chega agora a Portugal, numa altura em que a luta mundial antirracismo foi colocada na ordem do dia pelo impacto mediático da morte de George Floyd, um cidadão negro de 46 anos, que morreu em 25 de maio, em Minneapolis (Minnesota), asfixiado por um polícia branco que lhe pressionou o pescoço com um joelho, durante mais de oito minutos, numa operação de detenção, apesar de Floyd dizer que não conseguia respirar.

“Marrom e Amarelo” é um romance brasileiro, que retrata a discriminação racial no Brasil, um país de enorme mestiçagem, mas também conhecido por ter um racismo sistémico.

Os protagonistas desta história são dois irmãos: Federico, calado, ativista, revoltado, de pele clara e “cabelo lambido”, e Lourenço, tranquilo, professor de basquete, “gente boa” e negro.

Os dois partilham uma vida entre os subúrbios violentos de Porto Alegre, onde cresceram, e “a tensão racial crónica de toda uma sociedade — ambos representando, ao longo de duas vidas paralelas, com uma atualidade desarmante, as várias faces de um Brasil agitado, marcado por vários traumas e enormes abismos”, descreve a editora.

Elogiado pela crítica literária brasileira, “Marrom e Amarelo” foi descrito como “provocativo em sua forma mais pura: levanta questões, deixa que os personagens se digladiem entre si, mas não apresenta conclusões”.

A Folha de São Paulo destaca que o autor evitou “as soluções simples” e investiu “nas ambivalências de classe e de identidade étnica dos protagonistas”, produzindo um romance que pode ser intemporal e que faz um “interpretação profunda” sobre o Brasil e os tempos atuais.

Nascido em Porto Alegre em 1966, Paulo Scott é um escritor brasileiro multipremiado, autor de quatro romances, um livro de contos e cinco de poesia, tendo editados em Portugal apenas dois romances, ambos pela Tinta-da-China, “Habitante Irreal” e “Marrom e Amarelo”, que chega este mês às livrarias nacionais.