A atriz americana Amber Heard descreveu o julgamento do processo de difamação movido contra ela pelo seu ex-marido Johnny Depp como o facto "mais doloroso e difícil" que já viveu.

"É difícil encontrar as palavras para expressar o quão doloroso isto é", afirmou ao tomar a palavra para testemunhar esta quarta-feira.

"Esta é a coisa mais dolorosa e difícil pela qual já passei", acrescentou a atriz, vestida com um fato escuro e usando pouca maquilhagem.

Amber Heard também falou das testemunhas já ouvidas no julgamento: "Algumas conheço, outras não, o meu ex-marido, com quem partilhei a minha vida, a falar da nossa vida".

O seu depoimento era esperado com impaciência no tribunal de Fairfax, perto de Washington, que transmite o julgamento em direto pela televisão e nas redes sociais.

Johnny Depp, de 58 anos, declarou que Heard arruinou a sua reputação e a sua carreira com um artigo de opinião publicado no jornal Washington Post em dezembro de 2018, no qual afirmava ter sido vítima de violência doméstica em 2016, sem mencionar o seu nome.

O ator pede 50 milhões de dólares em perdas e danos, que correspondem aos rendimentos que teria obtido com o seu trabalho se não tivesse sido dispensado de projetos cinematográficos.

Já a atriz de 36 anos, que entrou nos filmes "Liga da Justiça" e "Aquaman", contra-atacou e pediu, por sua vez, 100 milhões de dólares de indemnização ao ex-marido.

"Ataques de pânico"

Johnny Depp cumprimenta a sua equipa de advogados a 4 de maio

Amber Heard garante ter sofrido "violência física e agressões" desde o seu primeiro encontro, em 2009, e durante o seu conturbado casamento que durou apenas dois anos, de 2015 a 2017.

A atriz sofre de transtorno de stresse pós-traumático como consequência da "violência íntima" causada por Johnny Depp, afirmou um especialista em psicologia durante a sessão na quarta-feira de manhã.

Estes sintomas, observados quando filmou "Aquaman 2", em 2021, "interferiram na sua capacidade" de atuar na longa-metragem, explicou Dawn Hughes, psicóloga clínica e forense convocada pela equipa de advogados da atriz.

"Ela tem que continuar a trabalhar, apesar de sofrer ataques de pânico, lembranças difíceis do trauma, palpitações e suor nas palmas das mãos quando pensa sobre isso", afirmou.

O ator, que testemunhou durante quatro dias no final de abril, nega as agressões e garante que a ex-mulher era a parte violenta da relação.

Ele admitiu, no entanto, consumir drogas e álcool em excesso, o que - alegou - conseguia controlar na maior parte do tempo.

O nível de toxicidade do casamento era tal que, segundo Depp, eles habituaram-se, cada um por si, a gravar as zangas, o que explica os diversos registos mostrados desde o início do julgamento.

Em 2016, a atriz processou o marido por violência conjugal, mas retirou as acusações durante o processo de divórcio.

Em abril de 2018, o tabloide The Sun acusou Johnny Depp de ser "um marido violento". O ator processou o jornal, mas perdeu o julgamento.