Vasconcelos, que já tinha exposto no gigante sul-americano mas não numa exposição com esta envergadura, afirmou à Lusa ser um “prazer estar aqui neste Museu Oscar Niemeyer, um museu mítico da cena de arte contemporânea internacional”.

“Este Olho é um espaço mítico. No mundo das artes fala-se em fazer uma exposição em locais que, para além de super-originais, são extremamente difíceis”, devido à particularidade da arquitetura, reforçou, referindo-se à estrutura do museu, popularmente chamado de Olho, devido ao seu formato arquitetónico.

A obra “Valquíria Miss Dior”, com uma dimensão de cerca de sete metros de altura e de 20 metros de comprimento, que mistura crochê de lã feito à mão, tecidos e poliéster, suspensa em cabos de aço, é a peça artista mais marcante da exposição e que se encontra no olho do museu.

“A peça cabe dentro do olho de uma forma incrível, não foi preciso fazer adaptação nenhuma e a peça fica maravilhosa no olho”, enfatizou a artista portuguesa, lembrando que “são na verdade poucas obras que entram em diálogo com este tipo de espaço, porque é um espaço que, em si, é também uma escultura”.

“Valquíria Miss Dior” foi criada inicialmente a convite da marca de alta-costura Dior para o desfile, em Paris, em fevereiro, dedicado à coleção feminina para a temporada outono/inverno 2023-2024.

Antes de agora chegar ao Brasil, a obra tinha também passado pela cidade chinesa de Shenzen e esteve, até 08 de outubro, em Macau, na Bienal Internacional de Arte do antigo território administrado por Portugal.

“Conseguir trazer uma peça da Dior ao Museu Oscar Niemeyer é sem dúvida uma junção muito única”, sublinhou Vasconcelos, dando ainda ênfase ao facto de ser a primeira vez que a obra está num contexto museológico.

Na principal rampa do museu, o público é recebido por "Valquíria Matarazzo", uma obra da artista portuguesa concebida em 2014 para o interior da capela do Hospital Matarazzo, no bairro da Bela Vista, em São Paulo.

O trabalho da artista portuguesa, que estará patente em Curitiba até maio de 2024, concentra-se ainda um pouco por todo o museu, onde é possível ver obras como “Pantelmina”, “Big Booby”, maquetes do “Solitário”, “Castiçais”, “Gateway”, “Bolo de Noiva”, “Máscara” e “Sapato”, entre outros.

Em declarações à Lusa, o embaixador de Portugal no Brasil, Luis Faro Ramos, que esteve em Curitiba em visita ao Museu Oscar Niemeyer, na quarta-feira, com a artista portuguesa, sublinhou ser uma “honra para Portugal estar aqui uma exposição desta dimensão, de uma artista desta dimensão”.

“Há uma grande expectativa da organização com esta exposição que, de facto é da altura da Joana Vasconcelos, que, se não for a mais internacional é das mais internacionais dos nossos artistas”, sublinhou o diplomata.

Quanto ao museu sobre o seu ateliê, que pretende instalar na zona ribeirinha do Tejo, entre os concelhos de Lisboa e Oeiras, Joana Vasconcelos admitiu que faltou tempo para se dedicar a ele fruto das cerca de 45 exposições que fez este ano em três continentes.

“É o que irei fazer a partir de janeiro”, frisou, reforçando: “É um projeto que eu quero muito fazer”.