Para o autor, “não há nenhuma guerra às drogas, é uma guerra à juventude, uma forma de controlo social”, afirma, em entrevista à agência Lusa.

“As drogas venceram a guerra contra as drogas”, afirma, acrescentando que “é uma guerra contra as pessoas” e “uma manifestação de um sistema económico e social que falhou em providenciar trabalho remunerado adequado e o avanço das oportunidades sociais para a maior parte dos seus cidadãos”.

Foi logo com o seu primeiro romance publicado, “Trainspotting”, de 1993, que o autor alcançou o sucesso, com a história de cinco amigos viciados em heroína a tentar sobreviver, na capital da Escócia.

A obra ganhou ainda mais visibilidade com a adaptação para cinema, que chegou em 1996, pela mão de Danny Boyle, e que ainda hoje é aclamada.

O tema surge um pouco por toda a sua obra e pela sua vida, já que Welsh partiu da sua experiência enquanto consumidor de heroína para escrever o livro, um hábito que deixou, embora continue a consumir outras drogas.

“As drogas, basicamente, são divertidas, são feitas para serem entretenimento”, defende.

Welsh ressalva que “não são produtos saudáveis, não vão aumentar a vida, nem nada disso”, mas, “com um uso judicioso, em certas ocasiões, vão aumentar o desfrutar da vida”.

O problema surge, considera, porque “podem substituir”, por exemplo, “o trabalho, porque não há mais nada para fazer”.

É, aliás, esse o cenário que pinta o vício das cinco personagens de “Trainspotting”, que vivem num subúrbio de Edimburgo, sem grandes perspetivas de futuro.

“Não se pode culpar as drogas por tudo. Muitos dos problemas sociais levam às drogas, sobretudo quando não estão a ser tratados”.

Irvine Welsh falava à Lusa a propósito da sua presença no FEST - Festival Novos Realizadores Novo Cinema, em Espinho, onde vai dar uma ‘masterclass’ sobre adaptação e escrita para cinema, no próximo sábado.

O autor está a trabalhar numa série televisiva baseada no seu livro “Crime”, de 2008, que será transmitida em novembro, e prepara uma sequela deste romance.

Welsh nasceu em 1958, em Leith, uma zona portuária a leste da capital escocesa, Edimburgo.

Tem publicados mais de uma dezena de romances, como “Ecstasy: Three Tales of Chemical Romance” e “Glue”, quatro livros de contos e já escreveu duas peças de teatro, “You’ll Have Had Your Hole” e “Dose”, ambos de 1998, e argumentos para cinema.

No cinema, destacam-se, além de “Trainspotting”, as adaptações de “Porno” (2002), que inspirou o filme “T2 Trainspotting”, de 2017, e de “Filth” (2013).

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