Homens estátua, músicos, malabaristas, pintores e palhaços são alguns dos artistas que encontramos pelas ruas das grandes cidades e que atuam para todos, sem cobrar bilhete. Gabe Cielici é um desses artistas de rua, mas talvez o único da sua profissão: é humorista.

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Se por acaso for até São Paulo não será difícil encontrar Gabe Cielici. O humorista santista de 28 anos monta todos os dias o seu escritório numa rua e conta piadas, sem pedir nada em troca.

Farto de trabalhar em casa, Gabe Cielici contou ao SAPO On The Hop que inicialmente decidiu ir trabalhar para um café: "Sempre gostei de escrever e comecei a escrever piadas em casa. Depois pensei: vou para um café para não ficar entre as minhas quatro paredes. Mas num café tinha sempre de comprar alguma coisa- fosse um salgado ou mesmo um café. E, um dia, quando já tinha tomado cinco expressos, pensei: tenho de parar, isto tem de acabar".

Com o aumentar das insónias e o diminuir do dinheiro na carteira, Gabe Cielici trocou as mesas dos cafés por uma pequena mesa de pic-nic desdobrável.

A ideia inicial era só trabalhar ao ar livre, mas o objetivo do guionista tomou outro rumo. "Comecei a levar a mesa para a rua e as pessoas começaram a parar e a perguntar "o que está fazendo?". E eu respondia: sou comediante, escrevo piadas, guiões e vim para a rua para não ficar trancado em casa", conta Gabe ao SAPO On The Hop.
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Com o aumentar dos curiosos, o humorista decidiu fazer um cartaz para se identificar. "Sou o Gabe e conto <3 piadas de graça", é o que se pode ler na cartolina improvisada.

Mas eu posso chegar ao "escritório" do humorista e pedir uma piada? Sim, Gabe Cielici conta piadas a toda a gente que peça e raramente cobra dinheiro.

O processo de "aquisição" de uma piada é bastante simples. "As pessoas param e eu explico que conto piadas sobre vários temas e apresento os temas. Ex-namoradas, maconha, piada de pontinho ou piada aleatória. A partir daí a pessoa escolhe o tema e eu conto a piada", conta o comediante.

Habituado a escrever dezenas de piadas one-liner (piadas curtas), o brasileiro confessa que trabalhar na rua está a ser bastante útil para o seu trabalho porque permite testar piadas com públicos que vão desde crianças aos sem-abrigo, passando por turistas estrangeiros.

Em média, Gabe conta 300 piadas por dia a mais de 150 pessoas. Uma nova forma de fazer stand-up e de testar as piadas fora das redes sociais.