“Este tem sido um momento muito difícil para o espetáculo ao vivo, e muitos artistas, técnicos e artesãos e artesãs têm lutado, numa profissão já de si plena de insegurança. Talvez essa omnipresente insegurança os tenha tornado mais aptos a sobreviver a esta pandemia, com sagacidade e coragem", escreve Helen Mirren, na mensagem do Instituto Internacional do Teatro (IIT), da Organização Mundial das Artes Perfomativas, que assinala a data, consagrada pela organização das Nações Unidas, para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).

"Nestas novas circunstâncias", prossegue Helen Mirren, a imaginação dos profissionais das artes "já se traduziu em inventivas, divertidas e comoventes formas de comunicar, graças, claro, em larga medida, à internet".

"Os seres humanos contam histórias uns aos outros desde que estão no planeta. A bela cultura do teatro viverá enquanto nós ficarmos aqui", garante a atriz de "A Mulher de Ouro" e "A Viagem dos Cem Passos".

"O impulso criativo de escritores, desenhadores, bailarinos, cantores, atores, músicos, encenadores, nunca será sufocado e, no futuro muito próximo, ele florescerá com uma nova energia e um novo entendimento sobre o mundo que todos partilhamos", conclui Helen Mirren, garantindo que mal pode esperar por esse momento.

A versão portuguesa da mensagem, que já se encontra disponível no site do IIT, foi feita pelo Teatro do Noroeste – Centro Dramático de Viana, em Viana do Castelo.

“Pelo terceiro ano consecutivo, o Teatro do Noroeste – Centro Dramático de Viana assina a tradução para língua portuguesa da Mensagem do Dia Mundial do Teatro da UNESCO”, lê-se no comunicado de imprensa daquela companhia.

A companhia vianense indicou que o responsável pela tradução é o encenador, e seu diretor artístico, Ricardo Simões.

Helen Mirren, um dos mais celebrados nomes dos palcos britânicos, vencedora do Óscar de Melhor Atriz pelo desempenho em "The Queen", de Stephen Frears, é a 12.ª mulher a assinar a mensagem, nos 59 anos de celebração do Dia Mundial do Teatro, desde a sua instituição pela UNESCO, em 1962.

As atrizes, encenadoras e dramaturgas Maya Zbib, do Líbano, Were Were Liking, da Costa do Marfim, e Sabina Berman, do México, que redigiram mensagens distintas de elogio ao teatro, em 2018, antecederam Helen Mirren, que ficou conhecida a nível internacional, sobretudo pela série "Principal Suspeito", que protagonizou ao longo da década de 1990.

A atriz francesa Isabelle Huppert (2017), a dramaturga ugandesa Jessica Kaahwa (2011), a atriz britânica Judi Dench (2010), a encenadora francesa Ariane Mnouchkine (2005), fundadora do Théâtre du Soleil, a dramaturga egípcia Fathia El Assal (2004) e a antiga presidente islandesa Vigdís Finnbogadóttir (1999), impulsionadora da educação e das artes, no seu país, foram outras autoras recentes da mensagem.

A estas juntam-se a produtora norte-americana Ellen Stewart (1975), fundadora do Experimental Theater of La MaMa, de Nova Iorque, e a atriz alemã Helene Weigel (1967), companheira de Bertolt Brecht, que dirigiu o Berliner Ensemble.

Os dramaturgos Dario Fo (2013), de Itália, Augusto Boal (2009), do Brasil, Vaclav Havel (1994), da República Checa, os norte-americanos Edward Albee (1993) e Arthur Miller (1963), o romeno Eugene Ionesco (1976), o guatemalteco Miguel Angel Astúrias (1968) são outros autores da mensagem anual, assim como o encenador britânico Peter Brook (1988 e 1969) e o ator norte-americano John Malkovitch (2012), de acordo com os arquivos do sítio do ITT, na internet.

Em 1967, Helene Weigel, a primeira mulher a escrever a mensagem, usava as palavras de Brecht como um aviso: "A arte deve tomar uma decisão nesta era de decisões. Ela pode ser instrumento dos que decidem destinos (...) ou estar ao lado do povo e colocar o destino nas suas mãos (...). Pode aumentar a ignorância ou o conhecimento (...), afirmar a sua força, ou atrair as forças que a conduzem à destruição".

O primeiro Dia Mundial do Teatro, em 1962, foi assinalado com uma mensagem do dramaturgo francês Jean Cocteau.

O Instituto Internacional do Teatro foi criado em 1948, três anos após o termo da II Guerra Mundial, por iniciativa do secretário-geral da UNESCO Julian Huxley, com a colaboração do escritor britânico JB Priestly, com o objetivo de haver uma entidade, de promoção direta das artes perfomativas, "alinhada com os objetivos da UNESCO".

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