Sobre a obra, Birtwistle, para quem "a simplicidade é a complexidade destilada", ainda não pode falar, além de dizer que se encontra "a lutar” com uma nova ideia.

“Não é que não queira falar disso", disse à Lusa. "Mas estou na realização de um sonho. Faz-se a tal 'trégua com uma ideia', começa-se com uma [imagem] total, e depois torna-se num processo de lutar com a ideia. [No final] não é nunca aquilo com que se começou”, reflete.

Birtwistle fala, no entanto, da Casa da Música, onde foi compositor residente em 2017, no ano da instituição dedicado ao Reino Unido, ainda que nunca se tenha “apercebido do título” - confessa à Lusa.

O compositor britânico, porém, deixa rasgados elogios à “qualidade do repertório” e à forma como a instituição se envolve com a cidade do Porto.

“Vi um concerto do Coro Casa da Música, que é fantástico, e o repertório é o tipo de coisas que, feitas em Londres, não seriam a mesma coisa. Tenho essa sensação. Essencialmente, o mais interessante é que a Casa é parte da cultura, não é um jardim zoológico a que se vai. Há uma envolvência com a cidade”, diz.

Birtwistle, o compositor de "Songs from the Same Earth" e "Angel Fighter", elogiou o diretor artístico da Casa da Música, António Jorge Pacheco, como um “programador fantástico e com 'o dedo no pulso'” da música que escolhe programar.

Destaca também a situação “única” da instituição, pela “sensitividade do gosto, que é ótima”.

A forma como “consegue criar um público” de forma “menos difusa" - o que acontece por exemplo em Londres, recorda, onde há mais salas e mais orquestras - é um dos fatores sublinhados por Birtwistle, assim como a escolha do repertório.

O compositor recorda, como exemplo, um concerto com a orquestra e o coro, dedicado a obras de Domenico e Alessandro Scarlatti.

Para Birtwistle, a viver em Salisbury – a cidade da catedral, no Sul de Inglaterra -, estas dinâmicas são outras mais-valias do espaço da Casa da Música.