
Obras em filme, fotografia e colagem estão reunidas na mostra "Às vezes sombra, às vezes luz", que inaugura às 18:30, e abre ao público na sexta-feira, no Espaço Projeto e na Sala Polivalente do Museu Calouste Gulbenkian – Coleção Moderna.
"Não quero ser moralista, mas considero importante levantar as questões com as quais a sociedade é hoje confrontada", disse aos jornalistas Marie José Burki durante uma visita guiada para a imprensa, revelando um filme inédito criado especialmente para esta exposição.
Intitulado "Un Film", é uma coprodução da Gulbenkian, que convidou a artista a expor o seu trabalho na sede – e pela primeira vez em Portugal - e a criar este projeto com cerca de uma hora, no qual aborda desde questões ambientais, o excesso de imagens, e a relação com as tecnologias na sociedade atual.
"É uma obra que toca questões atuais civilizacionais importantes", sublinhou a curadora, Leonor Nazaré, explicando que Marie José Burki, embora tenha estudado artes, é alguém que fez também estudos sobre Literatura e História que influenciaram o seu trabalho.
O trabalho desta artista, nascida em Bienne, na Suíça, em 1961, com uma estética poética e contemplativa, apresenta imagens belas e pausadas, ao mesmo tempo que aborda as questões da violência na sociedade atual, através de colagens e filmagens de recortes de jornais.

"Depois dos atentos de 11 de setembro nos Estados Unidos, comecei a trabalhar muito com base nas notícias dos jornais. Quando os folheio, tenho a sensação que as notícias não são escolhidas para nos informar, mas para nos assustar. Há uma ansiedade diária provocada pelo grande fluxo de notícias e imagens", comentou.
Noutra parte do seu trabalho, em fotografia, usa a imagem de pessoas anónimas, "os anti-heróis", que capta espontaneamente: "São pessoas que convido a posar para mim, ou que fotografo na rua, muitas vezes apenas partes do corpo".
"O meu objetivo não é fazer boas fotografias, bem enquadradas e bem feitas. Eu quero simplesmente apanhar a luz, a forma, o corpo, fotografar o movimento", apontou.
É o caso dos filmes "In der Nähe", em que a câmara se detém sobre corpos ociosos, sentados ou deitados ou em que uma multidão é filmada durante a pausa de um concerto.
A exposição é uma adaptação de um projeto da artista realizado este ano para o Centre Régional de la Photographie - Nord Pas-de-Calais em Douchy les Mines, na França, e para o Kunsthaus Pasquart de Bienne, na Suíça.
A exposição ficará patente até 20 de novembro na Coleção Moderna – Espaço Projeto e Sala Polivalente.
Comentários